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    Arquivo: Edição de 15-02-2009

    SECÇÃO: Educação


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    O DESAFIO DA EDUCAÇÃO

    Hiperactividade e Défice de Atenção

    O grande desafio que se coloca aos pais é a procura de melhores respostas para as diferentes situações ao longo do desenvolvimento dos seus filhos.

    Este espaço pretende informar e responder a questões generalizadas na área do desenvolvimento da linguagem e da aprendizagem e suas implicações no percurso escolar. Para um maior esclarecimento: [email protected] ou www.elisabetepinto.com

    A Hiperactividade com Défice de Atenção é uma síndrome (conjunto de sintomas) neurológica. Sobre a qual a comunidade científica ainda se debate em controvérsias acerca da sua verdadeira dimensão. Dada a falta de provas específicas para diagnosticar esta síndrome, a sua avaliação depende dos factores (características) de exclusão e inclusão observados na criança, dos dados de anamnese e dos relatos de experiências de quem convive diariamente com ela. Segundo Vilariño M. (2009), esta é uma das perturbações mais frequentemente diagnosticadas em neurologia infantil e admite-se que seja a patologia neurocomportamental infantil e juvenil mais frequente, na actualidade. A sua frequência varia entre 6 a 9% da população, numa relação de 5 a 8 rapazes para 1 menina. É diagnosticada em todas as classes sociais e em crianças com diferentes potenciais intelectuais. Transmite-se de forma hereditária em 50% dos casos ou mais. Esta perturbação, na maior parte dos casos, é persistente, surge antes dos 7 anos de idade e mantém-se mais ou menos estável ao longo da infância (Vilariño M., 2009). Cerca de 25% das crianças diagnosticadas com Hiperactividade e Défice de Atenção, sofrem um atraso na aprendizagem da leitura, da escrita, da expressão oral e da matemática (ou em apenas algumas destas áreas). Estudos apontam para a permanência desta perturbação na idade adulta, em 50% dos casos despistados na infância (Sauvé C., 2006).

    Na prática clínica, segundo Sauvé C. (2006), as crianças com Hiperactividade e Défice de Atenção são identificadas por manifestarem como características principais:

    1.Hiperactividade: a criança mexe-se exageradamente, sobretudo com as mãos, os pés ou a boca (através de palavras ou sons), frequentemente sem motivo. Este comportamento repete-se em todos os espaços que frequenta (casa, escola, em locais públicos e até durante o sono).

    2.Défice de atenção: a criança tem dificuldade em manter a atenção, de forma apropriada, do princípio ao fim de uma tarefa ou actividade. Deixa-se distrair facilmente com tudo o que a rodeia (barulho, movimentos, etc.). Por vezes parece não ouvir o que lhe é dito e rapidamente esquece o que tem para fazer ou as ordens que recebe. É comum perder os seus objectos pessoais e é desorganizada.

    3.Impulsividade: muitas vezes a criança fala e age antes de reflectir. Ela reage à pressa, sem se preocupar com a qualidade da sua prestação ou com as suas relações com as pessoas. Normalmente, não compreende a relação entre as suas atitudes e respectivas consequências. O mesmo autor dá-nos alguns exemplos de impulsividade:

    • Impulsividade verbal:

    – Faz comentários irreflectidos e desagradáveis, em voz alta;

    – Com frequência corta a palavra aos demais;

    – Na sala de aula, responde antes do final da pergunta.

    • Impulsividade motora:

    – Rapidamente, abandona uma actividade, em favor de uma outra;

    – Tem tendência a correr riscos, sem se preocupar com o perigo;

    – Pode ser brusca nos seus movimentos.

    • Impulsividade social (nas suas relações com o meio envolvente):

    – A sua falta de sensibilidade para descodificar as mensagens de outros torna-a, por vezes, invasora e desrespeitadora.

    De uma forma mais simplificada e generalizada, García I. (2001) e Sauvé C. (2006) acrescentam mais alguns sinais de alerta para a identificação de uma criança com Hiperactividade e Défice de Atenção:

    – Extravasa energia (“é um verdadeiro tornado”);

    – Distrai-se, tem dificuldade em concentrar-se, obtém resultados escolares que não reflectem as suas reais capacidades;

    – Apresenta algumas perturbações do comportamento, em situação de grupo (sala de aula, recreio, equipa desportiva, etc.);

    – Precisa que as pessoas tratem dele, em permanência;

    – Provoca muitas situações perigosas e sofre muitos acidentes;

    – Tem uma grande predisposição para a falta de auto-estima.

    A intensidade de cada um destes sintomas pode variar de criança para criança, de forma considerável. Os mesmos provocam um grande impacto no desenvolvimento do indivíduo e interferem provocando dificuldades de interacção social, problemas de comportamento, emocionais, cognitivos, baixo rendimento escolar e problemas na relação com ela própria, com a família e grupos de amigos. Muitas destas crianças podem apresentar também outros problemas psiquiátricos na infância ou, mais tarde, na idade adulta. As consequências da Hiperactividade e Défice de Atenção podem ser extremamente prejudiciais no desenvolvimento da personalidade. As crianças com esta Síndrome estão expostos a anos de respostas negativas devido ao comportamento que apresentam e sujeitam-se a uma desvantagem social e educativa. Frequentemente, estas crianças necessitam de ser medicadas pelos Pedopsiquiatras, acompanhadas por Psicólogos (assim como os pais) e de terem apoio continuado a nível psicopedagógico, por técnico especializado.

    É muito importante que o diagnóstico da Hiperactividade e Défice de Atenção seja obtido precocemente, para se poder tratar todas as perturbações associadas (tais como a Linguagem e o comportamento, entre outras) e intervir a nível psicopedagógico de uma forma mais eficaz.

    Por: Elisabete Pinto

     

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