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    Arquivo: Edição de 15-01-2009

    SECÇÃO: Educação


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    O DESAFIO DA EDUCAÇÃO

    Disfluência (Gaguez)

    O grande desafio que se coloca aos pais é a procura de melhores respostas para as diferentes situações ao longo do desenvolvimento dos seus filhos.

    Este espaço pretende informar e responder a questões generalizadas na área do desenvolvimento da linguagem e da aprendizagem e suas implicações no percurso escolar. Para um maior esclarecimento: [email protected] e www.elisabetepinto.com

    A Disfluência infantil, anteriormente designada por Gaguez, é uma perturbação da fala e da linguagem que pode ser diagnosticada desde os primeiros anos de vida da criança. Quanto mais atempado for o seu diagnóstico, menor será a probabilidade de esta perturbação se manter e agravar à medida que a criança vai crescendo. Caso contrário, poderá ter de enfrentar situações de constrangimento na criação das suas relações interpessoais, de insegurança na aplicação das suas capacidades e de insucesso no decorrer do seu percurso escolar.

    Por volta dos 2 anos e meio de idade, a criança adquire diferentes competências para a linguagem. Durante este processo, algumas revelam falta de fluidez da fala que se pode tornar mais evidente e prolongar-se ao longo do tempo. Segundo estudos efectuados, as crianças com Disfluência têm um desenvolvimento global normal, excepto na fala e na linguagem. Ao que parece, estas tendem a dizer as suas primeiras palavras, frases e discursos mais tarde que as que falam normalmente. Os problemas de dicção também surgem com mais frequência. Tem sido verificado que nas meninas, a falta de fluidez surge mais cedo que nos meninos e que tal se relaciona com o facto de as meninas desenvolverem as suas competências linguísticas mais cedo (Yairi, 1997).

    Normalmente, entre os 18 meses e os dois anos posteriores ao início da Disfluência, esta tende a desaparecer sem intervenção profissional. Contudo, é importante saber que uma criança quando começa a gaguejar, tem períodos de tempo em que gagueja e outros em que fala normalmente. Em grande parte dos casos, com o passar do tempo, a frequência dos períodos de fala fluida diminuem e a gaguez instala-se, podendo persistir até à idade adulta (Bloodstein, 1995).

    Muitos autores defendem que a Disfluência prejudica principalmente a fala, tendo como características as repetições de sons, palavras ou frases, prolongamentos de sons e bloqueios. Estes afirmam que 20% a 50% das crianças que apresentam excessivas repetições na fala sofrerão de Disfluências crónicas (Starkweather et al, 1990). Estudos realizados pela Sociedade Americana de Disfluência, situa-se em 2,3% a incidência desta problemática na população geral. No entanto, Fernandez-Zúñiga (2005) refere que na população escolar a prevalência é de 4% e apresenta-se numa proporção de 4 meninos para 1 menina.

    Os erros na fala podem variar ao longo do crescimento da criança, ou seja, à medida que a criança se vai desenvolvendo com o seu problema, as características da sua forma de falar também se vão modificando. Na idade pré-escolar, são mais frequentes as repetições, o prolongamento de sílabas e as pausas, ao passo que os bloqueios e as manifestações de esforço são mais leves. À medida que a criança cresce, podem aparecer outros comportamentos, como a tensão muscular, movimentos associados e a frequência mais alta de bloqueios. Outra diferença que se observa à medida que a criança cresce é o grau de consciência que tem do problema. A partir dos 6 anos, a criança pode começar a ser consciente da sua dificuldade, no entanto é a partir dos 8 anos que esta consciência se interioriza mentalmente. Nesta idade, o desenvolvimento cognitivo proporciona-lhe uma capacidade de reflexão sobre a sua expressão e a sua conduta que não tinha antes. Assim sendo, começam a aumentar as preocupações sobre o seu problema e a evitar as situações comunicativas que geram tensão. O facto de ter de antecipar mentalmente o que vai dizer, para minimizar ou dissipar os erros, leva-a a que sinta medo e vergonha de falar. A exposição a situações em que é solicitada para falar gera comportamentos de insegurança e ansiedade (Fernandez-Zúñiga, 2005).

    Para reforçar e segundo a DSM IV-TRi, os pais podem identificar a presença de uma Disfluência, tendo em conta as seguintes características:

    A)Alteração da fluência e da organização temporal normal da fala (inadequadas para a idade do sujeito), caracterizada por ocorrências frequentes de um ou mais dos seguintes fenómenos:

    1.Repetições de sons e sílabas (por exemplo: p…p…p…pai; ba…ba…ba…banana );

    2.Prolongamento de sons (por exemplo: mmmmmeu pai);

    3.Interjeições (um, um, eu… vou);

    4.Palavras fragmentadas (por exemplo: te…nho fome);

    5.Bloqueios audíveis e silenciosos (pausas na fala);

    6.Circunlóquios (substituições de palavras para evitar palavras problemáticas);

    7.Palavras produzidas com excesso de tensão física;

    8.Repetições de palavras monossilábicas (por exemplo: eu –eu – eu vou);

    B)A alteração da fluência interfere com o rendimento académico ou laboral ou com a comunicação social;

    C)Se existe um défice sensorial ou motor da fala, as deficiências da fala são superiores às habitualmente associadas a estes problemas.

    Em suma, existem estratégias de intervenção orientadas para a criança, família e meio escolar que, bem definidas por técnicos especializados, minimizam as consequências desta perturbação.

    Por: Elisabete Pinto

    Rectificação: O artigo publicado na rubrica O Desafio da Educação, da edição de 31de Dezembro, deveria ter tido como título Atraso de linguagem e não Perturbações Específicas da Linguagem (PEL) (2), como se verificou. Pedimos desculpas pelo lapso.

     

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