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    Arquivo: Edição de 15-01-2009

    SECÇÃO: Editorial


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    Os ventos não correm de feição

    Nesta caminhada cheia de sobressaltos faz falta o vento, às vezes é preciso um empurrão, para acordar e mover os empecilhos, limpar caminhos, abanar as árvores, quebrar ramos, arrancar outras, mas quando o vento se transforma em furacão é preciso muito cuidado.

    Andamos a dormitar ao som de discursos de facilidades, arrastamos as resoluções dos problemas até ao limite, escondemos, com os chamados discursos “politicamente correctos” (que de correctos não têm nada) muitas das fragilidades da nossa economia, que não resiste a um temporal, que fará a um furacão!...

    O nosso povo diz que depois da tempestade vem a bonança, só que quando as tempestades são profundas, quando os furacões aparecem, destroem muito, e não é fácil recompor, às vezes acabam mesmo com tudo. Ter coragem para partir do zero não é nada fácil, resta-nos acreditar em heróis. As rupturas são sempre muito difíceis, exigem muita coragem e determinação, será que estamos preparados para isso?

    Foto LUÍS LAGE
    Foto LUÍS LAGE
    A História ensina-nos que as grandes crises geram criatividade, inovação, bem-estar, mas sempre à custa de gerações sacrificadas. Sempre foi assim ao longo dos tempos: épocas de fome, de guerra, de peste, de intolerância, e muitas poucas de paz.

    Hoje compreendemos melhor o porquê de tudo isso, acompanhamos passo a passo a formação do furacão, existem previsões e muitas teorias, mas nem sempre as levamos a sério.

    Reli alguns textos de 2002 e pareciam de ontem, só que nessa altura pensava-se que era um exagero, também não resulta ficarmos pelas lamentações, é preciso agir, e agir implica muitas rupturas. Acredito que depois deste furacão os ventos vão mudar, acredito que vamos tratar melhor este planeta, que vamos mudar os nossos padrões de vida, que nada irá ficar como dantes. A própria crise tem contornos específicos e neste caso está a atingir uma classe diferente, a classe média habituada a uma certa estabilidade, pouco preparada para encarar sacrifícios, que cresceu num mundo irreal onde tudo se resolvia ou alguém havia de resolver.

    Penso que este período de dificuldades que estamos a viver já nos deu algumas lições: a necessidade de cultivar o rigor em tudo, o pensar um pouco no dia do amanhã, o lutar e participar na resolução dos problemas do quotidiano, o entender e ajudar o nosso próximo, a responsabilização pelos nossos actos, no respeito pela vida e conservação da natureza, um maior rigor na gestão individual e colectiva do património existente, o alertar para uma maior participação cívica, exigindo maior seriedade e transparência na gestão dos bens públicos.

    Os ventos não sopram sempre do mesmo quadrante, resta-nos resistir com força e sabedoria, de modo a não sermos arrastados sem rumo mas procurando sempre o vento de feição.

    Por: Fernanda Lage

     

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