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    Arquivo: Edição de 20-12-2008

    SECÇÃO: Psicologia


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    A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE MENTAL

    O ciúme

    Este é um espaço de reflexão e diálogo sobre temas do domínio da Psicologia, que procurarei dinamizar com regularidade, trazendo para aqui os principais problemas do foro psicológico que afectam pessoas de todas as idades.

    Na qualidade de psicóloga estou disponível para os leitores de “A Voz de Ermesinde” me poderem colocar as questões que desejarem ver esclarecidas, através de carta para a redacção deste quinzenário ou para o seguinte “e-mail”: [email protected]

    As emoções humanas não surgem por acaso, cada uma tem um fim. O amor promove a união dos casais e, em muitos casos, a geração de filhos. O medo ensina a resistir aos ataques. Mas, e o ciúme? À primeira vista, este sentimento parece totalmente negativo. Além de causar a infelicidade tanto do ciumento quanto do seu parceiro, costuma destruir os relacionamentos e, em casos extremos, tem desfechos violentos ou mesmo trágicos.

    Enquanto a inveja envolve apenas duas pessoas, o ciúme implica um triângulo, isto é, o que atrapalha um dos amantes é a existência de alguém (ou algo) que ameaça afastar a pessoa amada. Aí está um sentimento nitidamente associado ao aspecto sexual do relacionamento. Este facto, aparentemente simples, explica porque, para os homens e para as mulheres, o ciúme pode apresentar o seu lado positivo: fortalecendo os vínculos sexuais entre o casal e evitando que os indivíduos, por qualquer tentação sexual, sigam caminhos separados. No que diz respeito à criação da prole, não deixa de ser um benefício para toda espécie.

    O ciúme também pode ser determinante e ajudar a uma separação saudável de parceiros que já não mantinham um vínculo adequado. Se um casamento ou um caso amoroso estiver em vias de rompimento, o ciúme acaba por funcionar como a gota de água necessária para a ruptura. Às vezes, também, prepara o terreno para o divórcio. A dor causada pelo ciúme acaba por incentivar os ex-parceiros a procurar uma nova vida para si mesmos.

    No entanto, os pesquisadores descobriram que o ciúme se manifesta de modo diferente nos homens e nas mulheres. No sexo masculino, o ciúme fundamenta-se quase sempre no âmbito sexual; enquanto as mulheres se preocupam mais com o tempo e a atenção que perdem dos seus pares.

    Estas diferenças talvez tenham origem nas diferenças biológicas entre machos e fêmeas. Em teoria, a mulher tem a possibilidade de ser muito mais infiel ao homem do que o contrário, isto é, ela pode ter relações sexuais com inúmeros parceiros num único dia, enquanto ele tem a sua habilidade de enganar limitada pela frequência com que é capaz de ter e manter a erecção. Portanto, ele não terá relações com a mesma frequência se tiver mais que uma parceira.

    Para além disso, os homens tendem a ser mais ciumentos quando apresentam problemas de auto-imagem. Já o ciúme na mulher associa-se mais ao seu grau de dependência do relacionamento. Do mesmo modo, os homens receiam mais a perda de auto-estima acarretada pela descoberta da infidelidade da parceira, enquanto as mulheres concentram seus temores na perda completa do parceiro sexual.

    Nas mulheres, a intensidade do seu ciúme depende também da rival ser mais ou menos atraente. O homem, porém, pode mesmo chegar a envaidecer-se com o facto de um adversário atraente se interessar pela parceira dele.

    Os psicólogos também distinguem modalidades de ciúmes, que podem ser consideradas anormais e doentias.

    O mais grave é o ciúme mórbido, em que ao sofredor está sempre atormentado com a infidelidade do parceiro, quase sempre sem motivo real. Trata-se de um estado emocional de depressão e auto-piedade que, em geral, esconde profundas desordens da personalidade. Essas formas extremas de ciúme podem até levar o indivíduo a apresentar sintomas de doenças mentais.

    A principal dificuldade em lidar com um parceiro ciumento é que o ciúme é diferente de qualquer outra emoção que afecta os relacionamentos, tem um apetite voraz. O ciúme alimenta-se de qualquer coisa.

    Quando nenhum incidente real acontece para alimentar o ciúme, então, para saciar o seu apetite, o ciumento recorre à imaginação, em busca de emoções baseadas na dúvida e na desconfiança.

    Os ciumentos mórbidos têm a propensão de encontrar cartas, fotos, recibos "reveladores". Na verdade, estão à procura de evidências de forma sistemática. Do mesmo modo que são extremamente receptivos a gestos, expressões ou tons de voz "suspeitos".

    O ciúme irracional não é um sentimento esporádico. O medo de perder um amor é sempre terrível e nem sempre está ligado a um acontecimento real (embora possa ter como origem uma perda no passado). Inevitavelmente, o ciumento teme que o seu amor tenha um substituto, e isto envolve em uma rede intrincada de dúvidas e incertezas quanto a ser amado e desejado, sentimentos que levam à ansiedade.

    Mas, as formas brandas de ciúmes são comuns e, em princípio, não ameaçam os relacionamentos. Franqueza e diálogo entre os parceiros frequentemente ajudam a resolver o problema do ciúme.

    Por: Joana Dias

     

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