SECÇÃO: Educação

Perturbações Específicas da Linguagem (PEL)

O grande desafio que se coloca aos pais é a procura de respostas adequadas aos problemas que lhes são colocados pelos seus filhos. Este espaço pretende informar e responder a questões generalizadas na área do desenvolvimento da linguagem e da aprendizagem e suas implicações no percurso escolar.

Para um maior esclarecimento: [email protected] ou www.elisabetepinto.com

No artigo publicado anteriormente, referente à criança “falante tardia”, mencionámos que uma das Perturbações da Linguagem com grande probabilidade de se vir a verificar seria a PEL (Perturbação Específica da Linguagem). Na opinião de Jurado (2004), a suspeita do desenvolvimento desta perturbação surge se a criança aos 2 anos de idade não pronuncia nenhuma palavra e, especialmente, se aos 3 anos de idade não há fala. As crianças com PEL apresentam, pouco a pouco, um funcionamento que não diferencia em termos comparativos ao das crianças de menor idade, retirando a possibilidade de se tratar de um simples Atraso do Desenvolvimento da Linguagem. Mais tarde, segundo Leonard (2000), crianças com PEL evidenciam limites significativos na capacidade da linguagem, limitação esta que não pode ser atribuída a problemas de aprendizagem, status neurológicos, inteligência não verbal ou outros factores conhecidos. Os critérios que têm vindo a ser gradualmente descritos pela literatura identificam, nas crianças com PEL, dificuldades de aprendizagem da linguagem ao nível de alguns dos seus domínios.

AS PEL AFECTAM

CERCA DE 7% DA POPULAÇÃO

Resumidamente podemos apontar a existência de uma fraca prestação ao nível da sintaxe e da fonologia, acompanhadas por uma capacidade de compreensão que, embora se situe abaixo do nível esperado para a faixa etária destas crianças, ultrapassa qualitativamente a capacidade de produção. Possuem ainda, um vocabulário limitado para a idade e por vezes necessitam de fazer um esforço para se lembrarem de palavras de uso pouco frequente. Contudo, estes critérios não se verificam da mesma forma ou em igual número em todas as crianças sinalizadas com PEL. Estas, diferenciam-se umas das outras nas áreas da linguagem com maior dificuldade e nas suas capacidades de compreensão relativamente às suas capacidades de produção.

Ziegler et al (2005) reforça que a PEL é uma das desordens mais comuns, afectando 7% da população infantil. Estas crianças apresentam dificuldades na compreensão e produção da linguagem falada, apesar da inteligência normal, da audição normal e das normais oportunidades de aprendizagem da linguagem. As causas das PEL continuam a ser fortemente debatidas, podendo estas enquadrar-se nas dificuldades não linguísticas ao nível da percepção auditiva ou graves dificuldades gramaticais ao nível da expressão. Segundo o estudo realizado por estes autores, as crianças com PEL adquirem uma linguagem desviante porque percepcionam, manipulam e exprimem a linguagem de forma ineficaz.

Este tipo de problemática não é de fácil ou rápida resolução. Perturbações da linguagem e do discurso podem persistir durante anos e consequentemente originarem, com a entrada no primeiro ciclo do ensino básico, uma perturbação na aprendizagem da leitura. É notável, segundo Leonard (2000), a dificuldade que estas crianças demonstram em variar o vocabulário usado, em encontrar palavras novas ou pouco usuais a fim de melhorar a qualidade do seu discurso. Por último, e não menos importante, encontra-se a existência de casos de perturbações da linguagem no relato da história familiar destas crianças.

Em presença de Perturbações Específicas da Linguagem, a avaliação e intervenção atempadas atenuam as dificuldades de relacionamento interpessoal e de aprendizagem com que as crianças se deparam no seu dia-a-dia.

Por: Elisabete Pinto