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    Arquivo: Edição de 10-12-2008

    SECÇÃO: Educação


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    O DESAFIO DA EDUCAÇÃO

    Aquisição tardia da linguagem: “falantes tardios”

    O grande desafio que se coloca aos pais é a procura de respostas adequadas aos problemas que lhes são colocados pelos seus filhos. Este espaço pretende informar e responder a questões generalizadas na área do desenvolvimento da linguagem e da aprendizagem e suas implicações no percurso escolar.

    Para um maior esclarecimento: [email protected] ou www.elisabetepinto.com

    As crianças nascem dotadas de capacidades para produzirem linguagem. A linguagem é a base da construção das relações sociais, por isso, é nossa preocupação verificar se o seu desenvolvimento se processa de forma correcta. Existe a possibilidade de surgirem perturbações ao nível dos seus diferentes domínios, os quais, dependendo da etiologia e factores associados, se denominam, avaliam e tratam de forma muito própria. São muitos os casos em que essas perturbações prejudicam as aprendizagens da leitura e da escrita e causam o insucesso escolar.

    O Desenvolvimento da linguagem, segundo Gil (2004, p.28) encontra-se relacionado com a maturidade cerebral (mielinização) e com o contexto sociofamiliar. A criança adquire o seu conhecimento fonológico e fonético através das percepções áudio verbais que provêm do seu meio envolvente, sendo por isso importante verificar se o aparelho auditivo se encontra a funcionar devidamente.

    O processo de desenvolvimento da linguagem tem início após o nascimento, através de uma surpreendente sensibilidade aos estímulos acústicos expressos pelas construções da linguagem verbal. Tais estímulos a que as crianças estão predispostas a prestar atenção, levam ao desenvolvimento gradual da capacidade de compreensão e produção, manifesta nas suas interacções linguísticas. Inicialmente as crianças são sensíveis não somente ao estímulo acústico que tem valor fonológico na linguagem a que se encontram expostas, mas a qualquer estímulo acústico.

    A aquisição da linguagem infantil inicia-se com uma fase denominada de período pré-linguístico: o bebé emite primeiro gritos; ao segundo mês emite sons, sobretudo guturais e, por volta do terceiro mês, estes organizam-se numa «gama extensa de expressões sonoras» sem relação com a linguagem falada, mas que para ela “se encaminham”, pois com ela mantêm traços de prosódia e vocalidade. São designadas por lalações. Posteriormente, emerge a tagarelice, a ecolália e os «segmentos articulados», como “mamã” ou “papá”. Nesta fase de pré-linguagem já é possível detectar disfunções comunicativas, mesmo antes de a linguagem falada se iniciar. Se a criança revelar competências para imitar sons da natureza ou outros, imitar sonoridades da língua de fácil articulação, se revelar interesse pela manipulação de objectos, pela presença de pessoas ou objectos do seu quotidiano,então poderemos pressagiar um normal desenvolvimento comunicativo-linguístico. Se, pelo contrário, tais requisitos básicos não se apresentarem, poderemos estar em face de uma dificuldade para a produção e/ou compreensão da linguagem.

    Existe, contudo, um colectivo de crianças que inicia, muito mais tarde que o normal, as suas verbalizações, Constituindo, para alguns pais, um verdadeiro momento de ansiedade aquele que antecede o início da produção oral, a qual se vincula à nomeação de pessoas, objectos, etc., do seu mais próximo quotidiano. Tais crianças são designadas de “falantes tardias”. Esta categoria não é estável nem uniforme. A história familiar parece ser o factor mais válido para a previsão do desenvolvimento linguístico destas crianças, isto é, com frequência os familiares referem que “também o pai/mãe, etc, falou tarde e actualmente é…um profissional liberal de grande sucesso!...”.

    A identificação de “falantes tardios” requer uma análise cuidada, visto tratar-se de resultados muito díspares que não permitem antever se estas crianças poderão exibir um ligeiro atraso no seu desenvolvimento linguístico ou se poderão manifestar como crianças com acentuada dificuldade para levar a cabo o processamento da linguagem.

    Uma atitude sensata será a de admitir que uma criança “falante tardia” pertence a um grupo que admite a possibilidade de revelar maior risco na consecução dos objectivos linguísticos típicos da sua idade cronológica.

    Leonard (2000) aponta uma taxa de 25% a 50% de probabilidade de as crianças “falantes tardias” virem a ser diagnosticadas com PEL. E acrescenta que o facto de as restantes crianças não correrem o risco de adquirirem perturbações da linguagem, não significa que a intervenção precoce aplicada por especialistas (após a identificação como “falantes tardios”) seja em vão. Pelo contrário, estes serviços especializados contribuem para uma aceleração do desenvolvimento das capacidades linguísticas dessas crianças.

    Por: Elisabete Pinto

     

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