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    Arquivo: Edição de 10-12-2008

    SECÇÃO: Psicologia


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    A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE MENTAL

    O distúrbio de personalidade múltipla

    Este é um espaço de reflexão e diálogo sobre temas do domínio da Psicologia, que procurarei dinamizar com regularidade, trazendo para aqui os principais problemas do foro psicológico que afectam pessoas de todas as idades.

    Na qualidade de psicóloga estou disponível para os leitores de “A Voz de Ermesinde” me poderem colocar as questões que desejarem ver esclarecidas, através de carta para a redacção deste quinzenário ou para o seguinte “e-mail”: [email protected]

    O Distúrbio de Personalidade Múltipla (DPM) é uma dissociação da mente humana, culminando na formação de outras personalidades. Isto, quer dizer que passam a conviver dentro da mente de uma mesma pessoa várias identidades. Cada uma destas identidades, também conhecidas como alteres, possui um comportamento específico, ideias próprias e sentimentos.

    A causa para o desencadeamento deste processo de dissociação da mente é emocional. Ocorre quando a pessoa sofre algum tipo de distúrbio emocional, na maioria das vezes quando é ainda criança e quando esta não consegue lidar com o que aconteceu, tende a proteger-se do mesmo através da criação de outras pessoas dentro de si, para que caiba a elas a sustentação do peso emocional que estaria destruindo a pessoa que o carregava sem ter a força necessária. Cabe às personalidades criadas a lembrança com que a pessoa não soube lidar e não suportaria carregar. Portanto, a pessoa que sofre deste distúrbio não tem consciência dos factos que a perturbaram no passado e cujo impacto mental a levaram a desenvolver outras personalidades. Chamar-se-ia tal facto de bloqueio mental.

    Uma das mais frequentes causas que levam ao distúrbio é o abuso sexual na infância. Dentre os pacientes "múltiplos", é bastante elevado o número de abusos sexuais ocorridos enquanto os mesmos eram ainda crianças. E na maioria dos casos, o acto é cometido pelos próprios pais. Esse é portanto o factor primário que determina a formação do outro ego. Mas no caso daqueles que possuem dezenas deles, outras situações contribuem para o trauma. Decepções de qualquer espécie com as quais se torna impossível lidar provocam a formação de uma pessoa múltipla, psicologicamente vulnerável. Daí vão surgindo tantos alteres quantos forem precisos.

    Às vezes uma só pessoa chega a ter dentro da sua mente centenas de alteres. A história de cada um deles é singular. Alguns chegam mesmo a falar línguas estrangeiras. A idade de cada personalidade difere da das demais. Pode-se ter num adulto alteres de crianças, por exemplo. Como também alteres de sexos diferentes, com opções sexuais diferentes.

    A pessoa portadora de DPM não tem controlo sobre estas personalidades. E advém disso a dificuldade de se ter uma vida normal, visto que, tendo cada alter um estilo de vida próprio, não aceita, por conseguinte, o estilo do outro. Por exemplo, no caso de uma pessoa múltipla casada, pode ocorrer que uma de suas personalidades não aceite o relacionamento, passando a rejeitar o marido. Ou então, uma das personalidades odeia crianças e passa a maltratar os filhos.  

    Durante os períodos em que uma personalidade assume o controlo, as demais ficam num estado de amnésia parcial. Elas não têm consciência da existência das outras e muito menos do que elas fazem enquanto manifestas. Assim, é frequente a existência de uma personalidade que se envolva com drogas ou até com coisas muito mais sérias, tais como crimes e assassinatos.

    Geralmente a personalidade dominante não tem consciência da existência das demais. E entre as outras coexistentes, verifica-se que, não raro, algumas saberem da existência da(s) outra(s), podendo até mesmo comunicar-se entre si. Desta maneira, dá-nos a impressão de se tratar de pessoas (fisicamente falando) diferentes. Mas é exactamente assim que funciona a interacção entre as diversas personalidades. Como o próprio nome "personalidade" diz, cada uma possui raciocínio e sentimentos completamente individualizados, mas fazendo parte da mesma pessoa.

    Os tratamentos usados nesta doença vão desde o choque de insulina, choque eléctrico, drogas, psicoterapia, hipnoterapia, terapia de grupo e o "diálogo interno", que nada mais é que uma conversa entre as personalidades. Este método foi descoberto pelos próprios pacientes e mostrou-se bastante eficaz. Também se utiliza uma das personalidades como co-terapeuta, servindo de fonte de informação do que se passa na cabeça das demais personalidades.

    A psicoterapia individual é um artifício bastante utilizado pelos psicólogos para tratar de pacientes múltiplos. Entretanto, se utilizado antes do diagnóstico correcto, mostra-se ineficaz, visto que dessa maneira, em geral, somente uma das personalidades aparece para participar. As demais acabam por não ajudar o terapeuta, pois não são chamadas a cooperar.

    Por: Joana Dias

     

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