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    Arquivo: Edição de 10-12-2008

    SECÇÃO: Editorial


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    As memórias são como as cerejas...

    Ao comemorar os cem anos de Manoel de Oliveira vêm à memória nomes de personalidades e instituições que fizeram o século XX do Cinema Português e, neste caso, gente da nossa terra – uma figura singular, discreta, um viajante de comboio, desconhecido da maior parte dos ermesindenses – nem os estudiosos desta terra deram por ele … Licenciado em Matemática e Engenharia, com várias publicações de carácter científico e duas obras muito significativas da sua postura como cidadão: “Carta Aberta aos Senhores Deputados da Nação” e “Alberto Armando Pereira, um Pioneiro do Jornalismo Cinematográfico Português”.

    Em Ermesinde, na Quinta Neves passava o Verão, anunciava a sua chegada, convidava os seus amigos, e aos filhos dos amigos ensinava a gostar de Matemática.

    Homem culto, amante e crítico activo da arte cinematográfica, em 1956 referiu-se a Manoel de Oliveira como «um precursor do realismo mágico, um representante do neo-realismo do ano zero do cinema post-bélico».

    Durante décadas esteve à frente da empresa Neves & Pascaud, a quem pertenciam o Cinema Batalha, o Trindade e mais tarde o Olímpia e a sala Bebé, empresa esta que teve a sua origem no Salão High-Life, fundado por António Neves e Edmond Pascaud, primeira sala de cinema na cidade do Porto, “um verdadeiro barracão de madeira e zinco”, situado no lugar onde hoje se situa a actual Rotunda da Boavista.

    «Num dia de Verão do ano de 1906 os portuenses assistiam à primeira sessão de cinema de que há memória na cidade do Porto. O espectáculo aconteceu na feira de S. Miguel».

    Neves Real retrata as histórias das sessões de cinema de 1906 desta forma: «Sobre terra estreme, uma fiada de bancos plebeus constituía a geral, seguiam--se-lhe, como tribuna de honra, sobre estrado de madeira, as filas de cadeiras a marcar a distinção e a preservar apropriado acolhimento à High-Life c/o Porto que, com a alta-roda de Paris, não desdenhou acorrer a extasiar-se perante as maravilhosas vistas que a firma Neves e Pascaud lhe oferecia à razão de 130 reis por pessoa e por secção».

    Da Rotunda, onde apenas esteve dois meses, foi para a Cordoaria, durante dois anos e, em Fevereiro de 1908, foi para a Praça da Batalha, conhecida então pelo Novo Salão High-Life que, em 1913, se chamará definitivamente Cinema Batalha.

    Em 1945 surge no Porto o Clube Português de Cinematografia que, em 1947, viria a ser o Cineclube do Porto, onde Luís Neves Real teve uma presença muito activa.

    Foi precisamente o Cineclube do Porto que fez a primeira homenagem pública a Manoel Oliveira, pelo seu filme “O Pintor e a Cidade”, que foi depois premiado com a Harpa de Ouro no Festival Internacional de Curta Metragem Cork, na Irlanda, em 1957. Seguiram-se-lhe dezenas de prémios e homenagens pelo mundo fora.

    Cem anos, sessenta e sete a filmar. Como disse Isabel Pires de Lima, «falar de Manoel Oliveira é falar de um século de cinema em Portugal».

    Por: Fernanda Lage

     

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