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    Arquivo: Edição de 30-05-2008

    SECÇÃO: Psicologia


    A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE MENTAL

    Novas doenças mentais: compulsão alimentar

    Este é um espaço de reflexão e diálogo sobre temas do domínio da Psicologia, que procurarei dinamizar com regularidade, trazendo para aqui os principais problemas do foro psicológico que afectam pessoas de todas as idades. Na qualidade de psicóloga estou disponível para os leitores de “A Voz de Ermesinde” me poderem colocar as questões que desejarem ver esclarecidas, através de carta para a redacção deste quinzenário ou para o seguinte “e-mail”: [email protected]

    A Perturbação de Ingestão Compulsiva, também conhecida por Binge Eating Disorder [BED], desde 1994 que se encontra sob profundas investigações, pois trata-se de uma doença recentemente descoberta pela comunidade científica que ainda carece de melhor sistematização.

    No entanto, apesar de persistir alguma controvérsia entre os autores que se dedicam ao seu estudo, da incerteza e subjectividade diagnóstica que lhe subjaz, é clara a evidência de que ela já representa uma categoria de desordem alimentar bastante válida.

    Esta perturbação distingue-se da comum obesidade, e caracteriza-se pela ingestão de uma grande quantidade de comida (superior à que a maioria das pessoas comem num período de tempo semelhante e sob as mesmas circunstâncias), bem como pela sensação de perda de controlo sobre o acto.

    Normalmente tendem a comer muito mais rápido do que o normal, e num local isolado porque têm vergonha da quantidade que ingerem. Estas pessoas comem até se sentirem desagradavelmente cheias, mesmo sem ter fome. Depois disso é comum sentirem-se tristes ou culpabilizadas.

    Os episódios de ingestão compulsiva podem ser desencadeados por alterações de humor ou tensão emocional, sendo que esta perturbação pode chegar mesmo a interferir com o relacionamento interpessoal, meio laboral e/ou capacidade para o sujeito se sentir bem consigo próprio, exercendo, portanto, repercussões a vários níveis.

    Para além de apresentar comorbilidade médica e psiquiátrica com outras doenças, estes pacientes revelam frequentemente histórias de famílias disfuncionais.

    Em amostras obtidas com programas de emagrecimento, a prevalência de BED oscila entre 15-50%, sendo que na população geral está entre 0.7-4.0%. É mais frequente nas mulheres, e a idade de início de aparecimento dos primeiros sintomas situa-se entre o final da adolescência e o início da idade adulta, normalmente após uma perca de peso significativa.

    Apesar de carácter crónico, tratamentos especializados permitem devolver qualidade de vida ao doente, ainda que exijam uma enorme força de vontade e disciplina por parte do mesmo, não descurando os esforços contínuos que devem ser desenvolvidos pelo terapeuta.

    São propostos diversos tipos de tratamento, que passam por operações cirúrgicas, tratamentos psico-farmacológicos, dietas restritivas e metodologias ditas psicológicas, entre as quais, técnicas de modificação do comportamento, terapia interpessoal, psicoterapia tradicional e terapia cognitivo-comportamental.

    Conforme estudos realizados, bem como segundo o depoimento de um profissional com vasta experiência clínica na área, a metodologia de intervenção mais eficaz no tratamento da BED refere-se à terapia cognitivo-comportamental. Ainda assim, qualquer intervenção é bastante difícil dado que se trata de uma doença reincidente que requer um acompanhamento sistemático, que possa vir a diminuir, ainda que temporariamente, os impulsos pela comida.

    Importa, no entanto, ressalvar o facto de se desconhecer a existência de centros especializados que se dediquem exclusivamente ao tratamento desta perturbação, apesar dos doentes poderem ser encaminhados para locais onde se realizem tratamentos a Perturbações do Comportamento Alimentar em geral.

    Por: Joana Dias

     

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