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    Arquivo: Edição de 30-01-2008

    SECÇÃO: Psicologia


    A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE MENTAL

    Doença ou loucura? – Entender a esquizofrenia

    Este é um espaço de reflexão e diálogo sobre temas do domínio da Psicologia, que procurarei dinamizar com regularidade, trazendo para aqui os principais problemas do foro psicológico que afectam pessoas de todas as idades. Na qualidade de psicóloga estou disponível para os leitores de “A Voz de Ermesinde” me poderem colocar as questões que desejarem ver esclarecidas, através de carta para a redacção deste quinzenário ou para o seguinte “e-mail”: [email protected]

    A esquizofrenia desde sempre tem sido entendida pela população como sinónimo de loucura e doença incurável.

    Trata-se de uma doença mental, provavelmente a mais angustiante e incapacitante de todas.

    Caracteriza-se por uma ampla desorganização dos processos mentais. Reveste-se de um quadro complexo que abarca um conjunto de sintomas, entre os quais se verificam alterações do pensamento, delírios, alucinações e embotamento afectivo. Há uma perda de contacto com a realidade, podendo mesmo causar um disfuncionamento social crónico.

    Actualmente, é encarada como um grupo de patologias, passível de atingir todos os estratos sociais, afectando um em cada cem indivíduos.

    Os primeiros sinais aparecem tipicamente na adolescência ou início da idade adulta (entre os 15 e os 25 anos de idade), sendo comum tanto em homens como em mulheres. No entanto, enquanto que no sexo masculino a doença surge com mais frequência entre os 16 e os 25 anos, a maioria das pessoas do sexo feminino desenvolve os primeiros sintomas entre os 25 e os 30 anos de idade.

    Embora esta seja uma doença que afecte principalmente o funcionamento cognitivo, surte também efeitos de âmbito afectivo e comportamental.

    Os sintomas não são os mesmos em cada sujeito, pelo que podem surgir de forma gradual e insidiosa, ou instantânea e explosiva. Geralmente manifesta-se por crises agudas com sintomatologia intensa, intercaladas com períodos de remissão (abrandamento dos sintomas).

    Sabe-se que não existe uma causa única que explique a doença. Os autores defendem origens genéticas (vários genes podem estar envolvidos, associando-se a factores ambientais que fazem eclodir a doença), neurobiológicas (alterações bioquímicas e estruturais no cérebro), de relação precoce (ausência de relações interpessoais satisfatórias na infância), ou relações familiares (estrutura familiar com mães esquizofrenogénicas). A hipótese mais aceite é que se apresente uma etiologia multifactorial para a doença.

    Os programas de tratamento mais adoptados incluem uma intervenção organizada que implica farmacologia, assistência individual, grupal e familiar. Estudos indicam que a combinação de diversas estratégias de tratamento permite diminuir a ocorrência de recaídas.

    Não obstante, a família é um elemento muito importante no processo de tratamento, reabilitação e reinserção social do familiar que sofre de esquizofrenia. Deve estar preparada para surgirem recaídas ao longo do tempo, devendo prestar sempre um apoio incondicional ao doente. É importante que se tente colocar no ponto de vista dele, de forma a entendê-lo melhor nos momentos de crise.

    O controle da doença está ligado à precocidade com que se estabelece o diagnóstico. Quanto mais tarde este for feito, pior para o doente porque há determinados mecanismos que se estruturam e solidificam, sendo, portanto, mais difícil modificá-los. Por outro lado, sabe-se que quanto mais precoce for o seu aparecimento, mais complexo será de tratar.

    A maioria das pessoas com esquizofrenia sofre ao longo da vida.

    Como consequência da falta de compreensão pública em relação à doença, estes indivíduos sentem-se isolados e estigmatizados, podendo manifestar relutância em falar acerca da sua enfermidade. Ainda que os tratamentos tenham trazido melhoria da qualidade de vida a estas pessoas, actualmente só se pode dizer que 1 em cada 5 fica recuperada. Investigações indicam que 1 em cada 10 chega a cometer suicídio.

    Por tudo isso, o acompanhamento do doente por técnicos de saúde mental ao longo da vida é uma condição fundamental para o seu funcionamento dentro dos parâmetros da normalidade.

    Por: Joana Dias

     

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