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    Arquivo: Edição de 15-06-2007

    SECÇÃO: Saúde


    Comunicação com o doente

    A comunicação encontra-se em toda a parte, é impossível não comunicar. Esta situa-se nos planos cognitivo e afectivo, pode ser intencional ou acidental. No caso de mensagens verbais e não verbais contraditórias, é o significado da mensagem não verbal que é retido. A comunicação é dificilmente irreversível e os primeiros minutos desta são muito importantes, pois dão o tom à relação.

    A comunicação pode ser realizada através de uma linguagem verbal escrita, oral e linguagem não verbal.

    A linguagem verbal escrita pode ser com base em livros, cartazes, jornais, cartas e telegramas, ao passo que a linguagem verbal oral é feita através de diálogo entre duas pessoas, rádio, televisão e telefone.

    Em relação à linguagem não verbal é transmitida por gestos, postura, expressões faciais e contacto ocular, silêncio, respiração, tom de voz, pronúncia, roupa/adornos e o tocar.

    São conhecidas determinadas barreiras à comunicação, são elas barreiras externas, que se referem à distância entre o emissor e o receptor e as barreiras internas, na qual são inglobadas, o falar uma linguagem que não é entendida pelo interlocutor, palavras ambíguas, papéis sociais desempenhados, valores e crenças pessoais, o estado de cansaço ou doença.

    Os factores que podem influenciar a comunicação são vários:

    O momento de interacção na qual influência a escassez de tempo, a situação de doença do doente e a dicotomia Enfermeiro//médico estranho;

    A estrutura do sistema de Saúde;

    O comportamento do profissional de saúde, na qual é necessário ter em conta a linguagem técnica, o subestimar a capacidade do doente para entender a sua doença, a postura de superioridade e o afastamento/frieza afectiva;

    O comportamento do doente, no qual se incluiu a falta de compreensão pelos profissionais de saúde, as dificuldades em expressar os sintomas, as diferentes línguas/termos utilizados, as crianças ou doentes com incapacidades de expressão, os estados ansiosos ou depressivos e a falta de “feedback”;

    Características pessoais e sociodemográficas do doente e do profissional de saúde, como por exemplo as diferenças culturais e de valores pessoais, os estereótipos, idade e sexo, o meio, a classe social e a personalidade.

    Na presença de comunicação existe a percepção, esta está intimamente relacionada com a atenção, memória e aprendizagem. A percepção é o modo como o mundo se apresenta ao nosso cérebro. É a transformação do mundo físico em imagens mentais.

    Os factores que influenciam a percepção podem ser vários:

    Os factores físicos: fadiga, dor, estado de saúde, necessidades físicas;

    Factores psicológicos: interesses, motivações, expectativas, crenças, valores, sentimentos e emoções;

    Experiências passadas, hábitos de vida, qualidade da atenção e personalidade;

    Problemas de saúde mental : depressão, ansiedade e psicose;

    Factores externos: educação , valores, religião e cultura;

    Factores ligados aos próprios estímulos: intensidade, repetição e novidade.

    Nos serviços de saúde a comunicação por vezes não se realiza da melhor forma entre os profissionais de saúde e o profissional de saúde/doente/família. Os problemas de Comunicação nos Serviços de Saúde reportam-se a vários níveis:

    Transmissão de informação, por vezes a informação é insuficiente, imprecisa e ambígua, ou excessivamente técnica. O tempo é escasso dedicado à informação e há uma inadequação das medidas preventivas;

    Atitudes comunicacionais, o encorajamento escasso de perguntas, o evitar de dados sobre situações pessoais, familiares e profissionais, a negligência das vivências de doença e o estilo autoritário de influência;

    Comunicação afectiva, existe por vezes um distanciamento afectivo, um desinteresse em relação a preocupações/expectativas, uma escassa transmissão de segurança emocional e por outro lado dificuldade de empatizar;

    Análise do pedido, surge em algumas situações dificuldades na identificação de pedidos relacionados com crises pessoais, problemas de adaptação ou psicopatologia e a focalização no primeiro problema apresentado.

    Os problemas comunicacionais nos cuidados de saúde vão acarretar determinadas consequências as quais devemos evitar ao máximo praticando uma boa comunicação. Estas consequências referem-se à insatisfação na qualidade dos cuidados de saúde e ao comportamento profissional dos técnicos de saúde e consequentemente podem existir erros de avaliação perante a situação apresentada pelo doente/família ou profissional de saúde.

    Por outro lado pode levar a graus baixos de adesão do doente perante os comportamentos de saúde, uma renitência aos tratamentos medicamentosos e realização de exames, assim como a promoção do auto-cuidado é descurada. Pode surgir também dificuldades do doente em se adaptar à própria doença e consequentemente à procura de outros cuidados de saúde.

    A comunicação de um profissional de saúde para com o doente deve conter uma série de qualidades, esta deve ser simples, clara, breve, apropriada às circunstâncias e adaptável às reacções do doente.

    O profissional de saúde deve evitar dizer ao doente por exemplo “tem que”, “não se preocupe”, “saia”, “não chore”, “chore”, “faça”. Por outro lado deve tentar acolher, olhar nos olhos, perguntar , explorar, escutar e empatizar.

    A comunicação com o doente constitui o núcleo essencial da relação de ajuda e é, ao mesmo tempo, o instrumento terapêutico mais improvisado.

    Por: Sérgio Sousa*

    *Enfermeiro pós-graduado em Enfermagem de Emergência

     

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