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    Arquivo: Edição de 10-12-2006

    SECÇÃO: Saúde


    O impacto do ambiente de uma UCI sobre a família do doente

    Fotos ARQUIVO SCPB
    Fotos ARQUIVO SCPB
    Os pacientes nas unidades de cuidados intensivos actuais estão rodeados por tecnologia avançada que, embora essencial para salvar vidas, pode criar um ambiente estranho e, até mesmo, ameaçador para eles.

    Os profissionais de cuidados intensivos devem ter a experiência no uso desta tecnologia, porém devem permanecer conscientes que o medo, o receio induzido naqueles que contactam com esta aparência sofisticada, pode criar sérias reacções de stress.

    A utilização de alta tecnologia, tecnologia de ponta ou avançada em cuidados de saúde, levanta questões a variados níveis.

    Aliás, é mesmo problemática em muitas situações, em que esta realidade das tecnologias centradas na equipa de saúde, leva à visão do doente como um ser subordinado e receptor, passivo das decisões clínicas e a família e outras pessoas que visitam a pessoa doente como um “obstáculo e uma perda de tempo”.

    Os medos e as incertezas que se instalam nas pessoas que visitam os doentes, quer em relação ao prognóstico, quer em relação ao ambiente que rodeia o doente, nem sempre são esclarecidos, explicados ou verbalizados de uma forma clara e compreensível.

    A moderna tecnologia utilizada nos cuidados intensivos transforma o espaço tradicional do hospital, num ambiente complexo e perturbador para a família que visita o doente.

    A família vê-se num ambiente desconhecido, sobre o qual não tem qualquer poder. O controlo e o à vontade que observa nos profissionais contrapõe-se à sua ignorância, gerando sentimentos de impotência, medos e incertezas quanto aos resultados das intervenções terapêuticas e ao futuro das suas vidas.

    PERTURBAÇÃO

    DOS FAMILIARES

    E DIFICULDADES

    DOS PROFISSIONAIS

    DE SAÚDE

    foto
    A incapacidade de agir neste ambiente e participar nos cuidados ao seu familiar doente, exacerba-se porque a sua presença é ignorada e não são prestados esclarecimentos que proporcionem a adaptação e uma maior autonomia face à situação envolvente.

    Os próprios profissionais de Saúde estão, na maioria das vezes, centrados na tecnologia, esquecendo ou deixando para segundo plano a relação interpessoal na sua vertente de relação de ajuda. Se a relação de ajuda pressupõe empatia, tomar consciência e contacto emocional, então, a prontidão do enfermeiro para prestar atenção à pessoa com necessidade de ajuda (visita) para aceitar e ajudar a ultrapassar a sua situação de crise e para se interessar por ele como pessoa são pré-requisitos muito importantes para que a sua actuação profissional se faça com a qualidade desejada.

    Quando um membro de uma família é admitido numa Unidade de Cuidados Intensivos, a estrutura familiar sofre um abalo, tanto maior se o internamento se processou de forma não programada. Seja por agudização de uma patologia crónica, seja por uma situação súbita e aguda, a adaptação do sistema familiar torna-se problemática, pondo à prova os seus mecanismos adaptativos.

    ALTERAÇÃO

    DOS PAPÉIS

    E RELAÇÃO

    DE AJUDA

    O internamento poderá mesmo impor uma alteração nas relações e nos papéis de cada um dos membros, implicando uma completa reorganização da vida familiar.

    No primeiro contacto que estabelecem com uma Unidade de Cuidados Intensivos e com o doente ali internado, os familiares são confrontados com um ambiente tecnológico altamente complexo. A ideia de "Unidade de Cuidados Intensivos" associa-se normalmente às imagens mais ou menos estereotipadas da doença terminal e da morte, o que pode despoletar sentimentos mistos de tristeza, perda antecipada, desânimo, solidão e impotência, ou mesmo de culpa. O familiar mantém-se excluído dos cuidados prestados, resumindo a sua presença intimidada a uma “hora de visita” que gere com dificuldade.

    Se o doente, enquanto tal, necessita de cuidados diferenciados, a família poderá necessitar de ajuda para recuperar o seu equilíbrio, e formular, de modo mais ou menos expresso, um pedido nesse sentido. Utilizando um modelo de relação de ajuda, os profissionais de Saúde devem apoiar a família do doente internado a encontrar novo equilíbrio e a dar resposta às necessidades entretanto surgidas, ajudando-a a identificar estratégias de resolução dos problemas, promovendo o seu crescimento.

    Por: Sónia C. Pinto Briga *

    * Enfermeira especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica.

     

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