A artrose...
Se perguntarmos a um indivíduo, seja do sexo masculino ou feminino, com idade superior a 65 anos, se sabe o que é uma artrose, com certeza nos falará da dor que o incomoda numa qualquer articulação.
Sendo assim, torna-se importante que as pessoas compreendam um pouco melhor as dores às quais estão sujeitas.
A artrose ou doença degenerativa da articulação é a forma mais comum de artrite (inflamação da articulação). Afecta sobretudo pessoas em idades mais avançadas, normalmente superiores a 65 anos. Cerca de 90% destas pessoas apresentam queixas em alguma articulação.
Podemos igualmente observar este tipo de patologia em indivíduos mais novos, normalmente consequência de algum tipo de traumatismo ou sobre-uso, que potencia o aparecimento da doença.
A artrose resulta da degeneração da cartilagem articular, que consiste num tecido esponjoso, bastante escorregadio e húmido, que tem por finalidade diminuir o atrito entre os ossos da articulação.
Esta degeneração pode ter diversos factores, tais como bioquímicos, mecânicos, hereditários, etc., que levam ao seu aparecimento.
Numa fase inicial, o doente apesar de radiograficamente (imagem fornecida pelo Rx) apresentar características da patologia, como a cartilagem é uma estrutura não enervada por receptores nervosos, durante a fase inicial da doença não surgem dores, mas já existem grandes alterações na disposição de proteínas (colagenio, proteoglicanos) que compõe a estrutura da cartilagem.
No entanto, quando a evolução da patologia atinge o osso subcondral (parte do osso na qual a cartilagem se fixa), como este é irrigado com vasos sanguíneos e enervado por receptores nervosos, potencia a formação de um estado inflamatório mais intenso e consequentemente, por activação dos receptores nervosos, aparece a dor.
A evolução é silenciosa e pode durar anos.
A dor é mecânica e está relacionada com o movimento. Em repouso, a dor não se manifesta.
Numa fase inicial, a dor é moderada mas com o tempo tende a evoluir cada vez mais, até ao ponto de impedir qualquer movimento da articulação, devido às fortes dores.
Este tipo de patologia obriga o doente a entrar num ciclo vicioso: como o doente tem dores, evita mobilizar a articulação; essa falta de movimento origina uma atrofia muscular; a atrofia muscular permite o aumento da instabilidade na articulação, que por sua vez, mais instável, não obedece a um alinhamento articular tão rigoroso, potenciando ainda mais a lesão degenerativa.
O tratamento desta patologia inclui terapia com medicamentos e não medicamentosa. Analgésicos simples, drogas anti-inflamatórias podem ser utilizadas sempre que necessário (Acido Hialurónico, Diacereína, Condroitina e Sulfato de Glucosamina) bem como o uso de corticosteroides em situações mais agudizadas, mas tudo isto sob indicação médica.
Na terapia não medicamentosa, tal como a fisioterapia, incluímos a educação do paciente, de forma a compreender um pouco mais a sua doença. Exercícios de amplitude articular, alongamentos musculares, reforço muscular e agentes físicos são fundamentais para o retrocesso. A fisioterapia tem um papel condroinductor. Outro factor a ter em conta é a redução do peso corporal se a patologia atingir articulações sujeitas a carga constante (ancas, joelhos e tornozelos).
No caso de todos os procedimentos anteriores já não atingirem os resultados aos quais se propõe, o doente pode ser obrigado à colocação de uma prótese.
Não se sinta preso à sua artrose, trate o seu problema de saúde da forma mais correcta e deixe para trás esta limitação.
Por: Rui Marques*
* Fisioterapeuta na Cerma Ermesinde
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