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    Arquivo: Edição de 30-09-2006

    SECÇÃO: Editorial


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    O mundo através da vidraça

    Foto LUÍS LAGE
    Foto LUÍS LAGE
    Nesta imensa dimensão em que nos pretendem, em cada minuto, mostrar o mundo, eu gosto sempre de encontrar uma perspectiva que eu entenda, sobre a qual eu tenha capacidade de reflexão e discernimento.

    Esta invasão de informação é cada mais difícil de seleccionar e aqui sim, escolher a vidraça que melhor visão me dá é muito complicado.

    Assistimos nos últimos tempos a uma verdadeira guerra entre os jornais, primeiro foram os diários, agora são os semanários.

    Por razões particulares tenho, nos últimos tempos, dado especial atenção aos semanários, diria mesmo que nos últimos tempos os meus fins-de--semana têm sido ocupados lendo, relendo, comparando, especulando, procurando razões aparentemente inexplicáveis. Gostava de entender para onde caminham os jornais, qual o seu papel na sociedade e assusta-me esta informação corrediça, que finge que informa sobre tudo de uma forma global, universal, e pouco ou nada esclarece.

    Esta moda de que temos de andar todos muito certinhos ao reboque de interesses muito disfarçados e coloridos, torna mesquinha a nossa curiosidade, o nosso raciocínio. Por isso, vou deixar-me de complexos, de ilusões muito abrangentes e vou continuar a espreitar pela minha vidraça, umas vezes muito límpida, outras menos um pouco… mas sempre numa zona de terra segura …

    Quanto ao mundo da abundância, e neste caso de jornais, começa a preocupar-me a quantidade de lixo que é preciso reciclar.

    Toneladas e toneladas de papel, o que corresponde a dizer árvores e mais árvores a abater!...

    Já não é a primeira vez que ouço, ao sábado, quando vou comprar os jornais: – deixe lá esses cadernos, que não vale a pena levar…

    Estou mesmo junto a uma vidraça, cuja transparência não é muito nítida, mas tem uma beleza de forma e cor que não arrisco torná-la transparente ….

    Conheço uma casa que tem uma varanda envidraçada sobre uma paisagem magnífica, mas tem uma particularidade: os vidros não são todos iguais; uns são verdes e a sua função é decorativa, e três ou quatro são de cristal; por esses podem-se ver pormenores da paisagem com muita nitidez…

    Por: Fernanda Lage

     

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