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    Arquivo: Edição de 20-07-2022

    SECÇÃO: Editorial


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    O calor e os incêndios

    Este mês de julho tem sido um tormento para a população portuguesa, para os seus bombeiros e para as autoridades, com responsabilidades pela proteção civil. Chefe de Estado e chefe de Governo, certamente como alguns autarcas, viram-se obrigados a cancelar viagens ao exterior do país, para poderem seguir de perto o socorro a Portugal (pessoas e património).

    É incrível, como todos os anos, seja verão ou não, sempre que o calor aperta, logo surgem os incêndios a infernizar a vida das nossas gentes e não só. E, como todos sabemos, a maior parte dos fogos tem origem criminosa, isto é, são os homens os incendiários. Ora, é aqui que temos de batalhar. Há que reforçar a vigilância e o castigo sobre os prevaricadores.

    Pessoalmente, acho que a maior aposta tem de ser na vigilância, não descurando nunca que é preciso mudar as mentalidades e essa mudança tem de começar na família e continuar na escola, sobretudo na área da cidadania. Portugal, sendo um país pequeno (nem a 100 mil quilómetros quadrados chega) e havendo agora tanta tecnologia (câmaras de vídeo, satélites com recolha de imagens, drones), tem de ser capaz de assegurar uma guarda mais eficaz da área florestada, que, precisamente por causa dos incêndios, é cada vez menor. Julgo que se gastava bem menos num apurado serviço de vigilância de todo o território, do que se gasta com os meios terrestres e aéreos no seu combate, com a agravante de que se perdem vidas, património e se torna cada vez mais preocupante o nosso ambiente, sem cobertura vegetal.

    Para o serviço de vigilância, 24 horas por dia, deveria fazer-se concorrer todos os meios disponíveis: militares, forças de segurança, bombeiros, autarquias e contratação de jovens, mas organizado de forma a cobrir mesmo todo o espaço nacional. Em complementaridade, todos os concelhos deveriam ter estradas nas zonas florestais, devidamente conservadas, para rápida chegada de corpo de bombeiros e pontos de água (tanques abertos e sempre cheios de água em locais estratégicos, e com pouca distância uns dos outros, em zonas de maior cobertura vegetal) para abastecimentos imediatos de bombeiros e eventuais meios aéreos. Acredito que, assim, não haveria grandes incêndios porque todos eles seriam apagados pouco depois de serem iniciados.

    Recordo que, em Portugal, a primeira preocupação com os incêndios remonta à Idade Média e a grande preocupação eram as casas e os grandes aglomerados populacionais, porque no campo, as florestas eram limpas pela quase permanente necessidade de lenha dos camponeses, desde logo para confecionarem o pão e os alimentos e, também, para aquecimento doméstico nos tempos mais frios.

    Em Portugal, foi o 1.º rei da 2.ª dinastia, D. João I, quem, por meio da Carta Régia, datada de 23 de agosto de 1395, tomou a 1.ª iniciativa tendente à organização do 1.º Serviço de Incêndios de Lisboa, referindo a forma de o combater mais rapidamente e estabelecendo, «que os pregoeiros da cidade saíssem de noite pelas ruas, a avisar, em voz alta, os moradores, de que deveriam tomar cuidado com o lume em suas casas».

    Na 2.ª maior cidade do país (Porto), os serviços de incêndio passaram a funcionar poucos anos depois, já no século XV. Aliás, foi a proibição da existência de fornos nesta cidade, para evitar incêndios, que fez com que o pão e a broa tivessem de ser cozidos fora, em Valongo e Avintes, respetivamente, que assim se especializaram na produção destes alimentos, então a base da alimentação dos portugueses.

    A terminar, informo que, como habitualmente, “A Voz de Ermesinde”, edição em papel, só volta em setembro, desejando a todos boas férias, se possível, com tranquilidade, saúde e paz!

    Por: Manuel Augusto Dias

     

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