O que vemos ao olhar para o céu
Entramos neste novo ano de 2021 com um novo confinamento devido à Covid-19. Este problema que nos continua a “perseguir” impede-nos de ter um dia a dia normal, obrigando-nos a passar mais tempo fechados em casa do que habitualmente. Assim, neste primeiro mês do ano trazemos um desafio aos nossos leitores. O desafio é muito simples e para o fazer basta olhar para o céu…
Se olharmos com atenção, à nossa volta, apercebemo-nos que vivemos num mundo recheado de belezas naturais, mesmo nas cidades, mas com a falta de tempo acabamos por nem reparar nelas, de tal forma que raramente paramos para admirá-las. O céu é um desses exemplos e proporciona momentos únicos, seja pelo desenho das nuvens, pelo pôr-do-sol ou pelas magníficas estrelas que todas as noites nos presenteiam com a sua presença.
O que muita gente desconhece é que olhar para o que está acima de nós é, na realidade, uma verdadeira viagem ao passado! Ao olhar para o céu à noite, vemos o passado de estrelas ou planetas distantes. Isto ocorre porque as distâncias no espaço são tão grandes que a luz pode levar milhões de anos desde que sai de um desses corpos celestes até chegar à Terra.
No dia-a-dia, as distâncias que separam os nossos olhos e os objetos que nos rodeiam são muito pequenas perante a velocidade de propagação da luz (299 792 458 metros por segundo). Assim, o intervalo de tempo desde que a luz sai dos objetos até ser captada pelos nossos olhos é um número muito muito pequeno, muito próximo de 0. Já as distâncias entre os corpos celestes e a Terra são tão grandes que o tempo gasto pela luz a percorrer essas distâncias tem que ser tido em consideração. Desta forma, as imagens captadas pelos telescópios não são atuais, representando o estado do objeto observado tendo em consideração o tempo do percurso da luz. A imagem de uma estrela que se situa a 5 000 anos-luz da Terra representa a imagem dessa mesma estrela há 5 000 anos atrás! É por isso que podemos dizer que observar o céu é contemplar o passado do universo.
Aproveite este confinamento para olhar melhor para o céu e ficar deslumbrado com o passado do universo do qual todos fazemos parte.
“PODEMOS CONTAR QUANTAS ESTRELAS VEMOS NO CÉU?
Diz-se que as estrelas visíveis a olho nu são incontáveis. Há quem imagine que são milhões. No entanto, o número de estrelas visíveis sem ajuda óptica, mesmo em condições favoráveis, é relativamente modesto e muito abaixo do que dita o senso comum. Não acredita? Venha então participar nesta aventura.
Como fazer um conta-estrelas
Para saber o número aproximado de estrelas que podemos detectar a olho nu, do nosso local, não nos vamos pôr a contar, uma a uma, todas as estrelas visíveis. Isso seria tarefa de matar a paciência de qualquer pessoa. Felizmente há um caminho mais simples e rápido: basear a nossa contagem em amostras fáceis, contando o número de estrelas visíveis numa pequena extensão aparente do céu, bem delimitada. Deste modo, haverá poucas estrelas a contar em cada caso. Fazendo a média das várias contagens, realizadas em diferentes direcções do céu nocturno, poderemos calcular facilmente o número total (aproximado) de estrelas observáveis.
Para delimitar uma pequena parcela do céu, podemos utilizar um quadrado de cartolina preta, com cerca de 24 cm x 24cm, recortando nele uma abertura circular com 72 mm de diâmetro, centrada no quadrado (Veja-se a figura). A abertura desenha-se com um compasso e depois recorta-se com uma tesoura. Prende-se um cordel fino a um ponto qualquer da cartolina, de modo que, com a linha esticada e a cartolina perpendicular à nossa linha de visão, a cartolina fique a uns 57 cm do olho. Nada mais simples.
A abertura circular, vista à distância referida, delimitará uma área correspondente a cerca de 1/1000 da área total aparente do céu, ou seja, a cerca de 1/500 do céu que num dado momento se encontra acima do horizonte. A justificação é simples: como estamos à superfície da Terra, só poderemos ver (num dado momento), metade da esfera celeste.
À noite, estende-se o cordel conforme indicado e, procurando não mover a cartolina durante cada registo, contam-se as estrelas visíveis a olho nu dentro da abertura circular. Como vamos considerar uma parcela minúscula do céu, o número de estrelas observadas será pequeno e muito rápido de contar. Espere que os seus olhos se adaptem à obscuridade (cerca de 15 minutos), para ver mais estrelas.
Fazem-se pelo menos cinco contagens, em diferentes direcções variadas do céu. Depois faz-se a média dos números assim obtidos. Multiplicando essa média por 500, teremos o número aproximado de estrelas visíveis a olho nu, desse local. A questão do local é significativa porque, como se sabe, nos arredores de uma cidade não contaremos tantas estrelas como no campo.
(...)
leia este artigo na íntegra na edição impressa.
Nota: Desde há algum tempo que o jornal "A Voz de Ermesinde" permite aos seus leitores a opção pela edição digital do jornal. Trata-se de uma opção bastante mais acessível, 6,00 euros por ano, o que dá direito a receber, pontualmente, via e-mail a edição completa (igual à edição impressa, página a página, e diferente do jornal online) em formato PDF. Se esta for a sua escolha, efetue o pagamento (de acordo com as mesmas orientações existentes na assinatura do jornal impresso) e envie para o nosso endereço eletrónico ([email protected]) o nome, o NIF e o seu endereço eletrónico para lhe serem enviadas ao longo do ano, por e-mail, as 12 edições do jornal em PDF.
Mas se preferir a edição em papel receba comodamente o Jornal em sua casa pelo período de 1 ano (12 números) pela quantia de 12,00 euros.
Em ambos os casos o NIB para a transferência é o seguinte: 0036 0090 99100069476 62
Posteriormente deverá enviar para o nosso endereço eletrónico ([email protected]) o comprovativo de pagamento, o seu nome, a sua morada e o NIF.
Guilherme de Almeida
Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva”
Por:
Luís Dias
|