Subscrever RSS Subscrever RSS
Edição de 31-03-2024
  • Edição Actual
  • Jornal Online

    Arquivo: Edição de 30-06-2017

    SECÇÃO: Património


    foto

    Ainda a palavra “Ermesinde” (6)

    Tinha pensado deixar para as últimas crónicas, uma série de Ermesendas ou Ermesindas não referenciadas na lista divulgada por Humberto Beça, apenas por uma questão de coerência do trabalho que tenho efectuado. Mas porque acho que esta Ermesinda é aquela que todos dizem ser a "Ermesinda filha de Gundezindo", por esta razão decidi incluí-la nesta primeira fase de retratamentos.

    Passemos então a coligir os dados observados:

    Ermesinda Gundesindes (também dá pelo nome de Gondesendes),(nasceu antes de 897-947?), também identificada como Emderia mas que segundo José Mattoso (Mattoso, A Nobreza Medieval Portuguesa, 2001), se deve a uma deturpação do nome Ermesenda. E. Sáez(Sáez, 1947), afirma que não tem qualquer dúvida que se trata dafilha de GundesindoEris (ou Gondesendo), conde deLugo (? - 947).

    Este Gundesindo Eris,era filho do conde Ero Gundesindo, filho do grande conde D. Ero de Lugo, natural das Astúrias, e da sua primeira mulher D. Adosinda de Monterroso, filha do conde D. Afonso Romanes, descendente do rei Fruela I.

    ÁRVORE GENEALÓGICA
    ÁRVORE GENEALÓGICA
    Foi sua tia D. Ilduara que casou com D. Guterre Mendes, pais de S. Rosendo. Gundesindo Eris, com avultados bens e propriedades, nos quais se incluía a vila de Esmoriz, onde ainda existe um lugar com o seu nome (Gondesende),teve também outro um filho D. Ero Gundesindes , que nos aparece a confirmar o testamento do seu primo-irmão S. Rosendo e se intitula conde e duque. foi referenciado num documento de 947 sobre a fundação dos mosteiros de Azevedo, Sanguedo, Santa Marinha (Entre Douro e Vouga) e Dides (Galiza) e uma doação ao mosteiro de Lavra, foi casado com Inderquina Mendes, cognominada de "Pala", de Coimbra (? - morreu ca. 947), benfeitora do Lorvão, era filha de Hermenegildo Guterres, já referenciado na 4ª crónica.

    Ermesinda Gundesindes ou Gondesendes , teve como irmãos, Froilo Gondesendes, Ausenda Gondesendes e Soeiro Gondesendes, que recebeu por herança o mosteiro de Sever do Vouga, fundado por seu pai, e posteriormente doado Vacariça.

    ELMO
    ELMO
    Em documento (DC12) [947] sabe-se que à morte da mãe lhe tocou a v. de Avintes. O mais que possível casamento com o conde Arias Mendes de Coimbra, ainda parentes, opinião eminentes medievalistas, como sejam, José Mattoso e A. Almeida Fernandes, o que justifica a sua riqueza em bens na região de Coimbra. Filho do conde de Tui e Porto, D. Hermenegildo Guterres (ca. 842 - 920) e de Ermesinda Gatones de Bierzo (840 - ?) já referidos em crónicas anteriores. Mas afinal quem é este conde que casou com a nossa Ermesinda Gundesindes :

    Arias Mendes de Coimbra - (874-ca.924), 2º conde.

    Conde, sem dúvida, eleito em 911,e que regeu o Condado de "Emínio", antiga cidade romana construída no local da actual Coimbra, e segundo as Atas Apócrifas do Concilio de Oviedo, que no entanto parecem conservar, neste ponto uma tradição autêntica. Governou também o conmisso de Refojos do Leça, com seu irmão Guterre Mendes. Encontrava-se ainda vivo em 924. Além das referências reunidas por E. Sáez pode-se talvez acrescentar o documento que aponta, entre as propriedades do Mosteiro de Guimarães, uma em Canas-Penafiel, que pertencera antes ao 1º Conde Arias Mendes e a sua mulher Emderia, decerto uma deturpação de Ermensenda. Ainda segundo E. Sáez, casou com a Condessa Ermesenda, que talvez se possa identificar com Ermesinda Gundezindes, filha do Conde GundesindoEriz, e de Inderquina "Pala" I, segundo a hipótese que apresentamos em documentos coevos. Teve pelo menos uma filha, Elvira Arias - (962), mulher do Conde Munio Guterres - (911-959), seu primo direito. Ver a descendência de ambos mais, Abaixo. Mas se Ermesinda Gundezindes foi sua mulher talvez se possa atribuir-lhe uma segunda filha, Inderquina "Pala" II - (957-981).("… ego Gondesindusproliserusetadosindaacepitmulierinconiumgio nomine enderquinaconmentopala filia duxmenemdusgutieriziitermesindaiermana de domnageluira regina que fuitmulier de ordoniusrex, materranemiruspríncipe …").

    GUERREIRO DA RECONQUISTA
    GUERREIRO DA RECONQUISTA
    Não temos conhecimento, do nível de intervenção militar de Gundesindo, pai da Ermezinda, na expansão e Reconquista Cristã (decerto um cenário a não excluir), todavia graças ao seu zelo cristão, promoveu a construção de dois mosteiros importantes na nossa região, de acordo com as informações cedidas pelos eruditos Aires de Amorim e Miguel de Oliveira que elaboraram monografias sobre Esmoriz e Ovar respectivamente.

    O Conde Gundesindo e a sua mulher Inderquina Pala fundaram os mosteiros de Sanguedo (na actual Vila da Feira) e de Azevedo em S. Vicente Pereira (Ovar), revelando a sua vocação cristã e inspirados seguramente por uma época em que o fervor religioso era tremendo. O facto de sua filha (Froilo) ter nascido doente "nata inpecato" ou disforme poderá também ter pesado na decisão do casal em fundar tais conventos, porque interpretaram tal ocorrência como fruto dos pecados que haviam cometido (na era medieval, tudo era encarado como um sinal de aprovação ou reprovação divina). A esta filha, que foi internada no mosteiro de Lavra, foi-lhe dado propriedades em Lavra, em Gondomar, em "Kauso", e em Valongo (DC12). Também Gundesindo deixou o seu nome gravado na localidade de Gondesende, em Esmoriz.

    "VIMARA PERES" - CONQUISTADOR DO PORTO
    "VIMARA PERES" - CONQUISTADOR DO PORTO
    Mas verdadeiramente, estamos a falar da sua filha, ErmezindaGundesinda, que terá casado com o conde Arias Mendes, ou Menendez, conde de Emínio (911-924), opinião de eminentes medievalistas, como José Mattoso (Mattoso, A Nobreza Medieval Portuguesa, 2001), a A. Almeida Fernandes, e o que justifica a sua riqueza em bens na região de Coimbra.Teria como irmãos, Froilo Gondesendes, Ausenda Gondesendes e Soeiro Gondesendes, este último fundou o mosteiro de Sever do Vouga e posteriormente o doou ao mosteiro da Vacariça. Era neta da Ermezinda Gatones de Bierzo. Sabemos que teve deste casamento duas filhasElvira Arias (962), casada com Munio Guterres (911-959), seu primo direito, e Inderquina (II) "Pala" com o mesmo nome de sua mãe, foi casada com Soeiro Sandines (+a. 982).

    Todos são identificados em documentos em como vivem nestas localidades, Inderquina (II) Pala doação ao mosteiro de Lorvão em 961 (DC 84).

    Não sabemos o ano do seu falecimento, mas sabemos que sobreviveu ao marido, pois em 961, tendo já falecido o marido, esta ofereceu ao mosteiro do Lorvão importantes propriedades na região do Vouga, do Paiva, de Viseu e de Coimbra (DC 84).

    NOTA: Como a anterior teve todas as raízes familiares implantadas nestas regiões a norte e a sul do rio Douro, provavelmente terá tido residência nestes locais pelo menos quando os mouros faziam as suas "corridas" incursões até ao Porto. Também deve ter tido uma propriedade mais fixa nesta zona. As conclusões que se poderão tirar desta são semelhantes à anterior.

    Bibliografia

    Caiña, J. Á. (1992). Abadalogio des Monasterio de Santa María de Ferreira de Pallares. Lugo: Boletín do Museo Provincial de Lugo (V): 55-89.

    Duby, G., & Perrot, M. (1990). História das mulheres: a Idade Média. Porto: Afrantamento.

    Felgueiras Gayo, M. C. (1989). Nobiliário, I-XII. Braga: Carvalhos de Basto.

    Frez, A. I. (1992). La Sociedad Gallega en la Alta Edad Media. Madrid: Consejo Superior de Investigaciones Científicas.

    León, M. C.-Q. (1999). Linajes Nobiliarios de León y Castilla: Siglos IX-XIII. Salamanca: Junta de Castilla y León - Consejería de Educación y Cultura.

    Mattoso, J. (1992). História de Portugal (Vol. I). Lisboa: Círculo de Leitores.

    Mattoso, J. (2001). A Nobreza Medieval Portuguesa. Rio de Mouro: Círculo de Leitores.

    Mattoso, J. (2002). O Monaquismo Ibérico e Cluny. Rio de Mouro: Círculo de Leitores.

    Menéndez Pidal, R. (1982). Historia de España (Vol. Tomo IV). Madrid: Espasa Calpe.

    Oliveira, P. M. (1967). Ovar na Idade Média. Ovar: Câmara Municipal de Ovar.

    Pernoud, R. (1978). O Mito da Idade Média. Lisboa: Europa-América.

    Piel, J., & Mattoso, J. (1980). Portugaliae Monumenta Historica. Lisboa: Academia das Ciências de Lisboa.

    Rionda, R. (2015). La Sorprendente Genealogia de mis Tatarabuelos. Galiza: Palibrio.

    Risco, F. M. (1789). España Sagrada (Vol. Tomo XXXVII). Madrid: Oficinas de Blas Roman.

    Sáez, E. (1947). Los ascendientes de San Rosendo, notas para el estudio de la monarquia astur-leonesa durante los siglos IX y X. Hispania, p. 40.

    Silva, E. P., & Pallares Silva, M. d. (1987). Elementos para el análisis de la aristocracia altomedieval de Galicia: parentesco y patrimonio (Vol. Studia Historica: Historia Medieval). Salamanca: Universidad de Salamanca.

    Soares, J. (2016). Ermesinde, O Património e a Nossa Gente. Ermesinde: Junta de Freguesia de Ermesinde.

    Por: Carlos Marques

     

    Outras Notícias

     

    este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu
    © 2005 A Voz de Ermesinde - Produzido por ardina.com, um produto da Dom Digital.
    Comentários sobre o site: [email protected].