SECÇÃO: História

A assistência social em Ermesinde e a Romaria da da Santa Rita

Folheando as páginas das antigas edições de "A Voz de Ermesinde", parámos no número 29, referente a maio de 1960. Detivemo-nos em dois artigos que chamaram mais a nossa atenção. O primeiro refere-se à iniciativa de arranjar medicamentos para a "Farmácia do Centro", que os pretende disponibilizar aos muitos pobres que assiste. Aí se dá conta do que foi mais uma diligência dos dirigentes do Centro, coroada de êxito, devido à adesão da população ermesindense e à boa colaboração do médico municipal, ao tempo, o Dr. Luís Ramos. Nesse artigo constata-se, mais uma vez, a cooperação do presidente da Câmara Municipal de Valongo e também do Provedor da Santa Casa da Misericórdia. No segundo artigo, fala-se da importante Romaria de Santa Rita que, naquele tempo, era imponente (curiosamente, nos últimos anos, com o empenho do Executivo da Junta de Freguesia de Ermesinde, vem ganhando novo dinamismo) e do aproveitamento turístico do Leça, em Ermesinde, questão que nos tempos que correm é bem atual.

O CENTRO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NA SUA TAREFA DE FAZER O BEM, ORGANIZOU, EM 1960, AQUILO A QUE CHAMOU A "FARMÁCIA DO CENTRO".

Seguidamente, foi ventilado o assunto da proibição da mendicidade pelas ruas da vila, tendo o presidente informado que os trabalhos referentes a esta campanha estão bastante adiantados, pelo que se espera ver, em breve, realizado o desejo de todos os ermesindenses.

A Direcção do Centro deslocou-se à sede do concelho onde teve uma importante reunião com o sr. eng.° Armando Magalhães, presidente da Câmara de Valongo e à qual assistiram o provedor da Misericórdia e o director clínico do Hospital. Aí foram resolvidos os problemas de maior interesse e oportunidade, como seja o internamento dos doentes pobres de Ermesinde, nos diversos hospitais, e ainda o problema habitacional de grande número de famílias necessitadas residentes em moradias impróprias, origem de muitas doenças que contagiam famílias inteiras.

O Centro de Assistência Social de Ermesinde está a elaborar cuidadosamente um rigoroso cadastro dos pobres da vila, grande número dos quais estão a ser já subsidiados. Para melhor organização, a direcção do Centro está a solicitar a colaboração de moradores de todos os lugares de Ermesinde que têm sido de inegável solicitude em cooperar na grande campanha em curso em defesa dos pobres desta vila.

Eleva-se já a 1.500 o número de inscrições de associados que voluntariamente vieram em auxílio dos verdadeiros pobres de Ermesinde o que maior incentivo dá aos que trabalham caridosamente nesta humanitária obra".

O segundo artigo, da autoria de Manuel da Conceição Pereira, tem por título "A Santa Rita e o Rio Leça", e como subtítulo "Poderiam fazer de Ermesinde um importante centro de turismo" e vale a pena ser lido.

A FESTA DE SANTA RITA ERA CONSIDERADA EM 1960, PELO ARTICULISTA DE "A VOZ DE ERMESINDE", "A MAIOR DO PORTO E UMA DAS MAIORES DO NORTE".

É então a ocasião dos passeios, das digressões e das romarias, dos dias quentes, graciosos e serenos em que dá prazer gozar a sombra de uma árvore ou a frescura de uma fonte...

Sim. E que maravilhosas, que excelentes e admiráveis sombras e deslumbrantes e sedutoras paisagens tem Ermesinde!...

E que vistosa, animada, garrida e alegre romaria não se faz nesta vila!...

Santa Rita!... que entre as outras romarias se destaca, que terra vizinha haverá que se possa orgulhar de ter em seu meio tão importante e precioso tesouro'?...

Porém, e apesar das longas e lindas vistas panorâmicas de que dispõe esta vila não possui ainda qualquer Comissão de Turismo que procure explorar essas belezas, esses dons maravilhosos com que a pródiga natureza a favoreceu.

Travagem, com o tranquilo Leça e a Formiga com a majestosa e imponente romaria de Santa Rita podem fazer de Ermesinde um importante centro de turismo que acompanhe a par e passo o alto desenvolvimento industrial e comercial.

Quem poderá negar que a Romaria de Santa Rita, a maior do Porto e uma das maiores do norte, celebrada no encanto da serra de Valongo, lugar privilegiado e pitoresco, de onde se disfruta um impressionante e agradável panorama, poderá transformar esse lugar, com o auxílio dos bons ermesindenses e das entidades superiores, num paradisíaco, atraente e invulgar jardim, capaz de prender a atenção dos turistas nacionais e até estrangeiros.

Condições não faltam, assim queiram todos os ermesindenses e o milagre consumar-se-ia, para gáudio de todos nós".

Por: Manuel Augusto Dias