As complicações da Diabetes nos cuidados de saude primários
A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença com marcada prevalência em Portugal, afetando cerca de 13% da população.
Uma das principais competências do médico de família é o acompanhamento e continuidade de cuidados ao utente nos problemas de saúde crónicos, ajudando no controlo da doença e na prevenção do aparecimento de complicações associadas.
Complicações
na criança
Na infância a DM tipo 1 é a mais frequente. É uma doença autoimune, que resulta da não produção de insulina pelo pâncreas devido à destruição de células ß. A forma de apresentação pode ser cetoacidose ou os sintomas típicos (polidipsia, poliúria, polifagia e emagrecimento). O tratamento é essencialmente baseado na insulinoterapia.
A obesidade infantil tem vindo a aumentar nos últimos anos, o que acarreta um aumento de complicações entre as quais a DM tipo 2 (mais prevalente no adulto). Este tipo de diabetes tem vindo a aumentar na idade pediátrica pelo que é importante incentivar um estilo de vida saudável, que passa por uma dieta equilibrada e exercício físico.
Lesões
dematologicas
A DM pode afectar qualquer parte do corpo, incluindo a pele, sendo que as dermatoses podem ser primeira manifestação da doença. Felizmente, a maioria pode ser prevenida ou facilmente tratada se diagnosticada atempadamente.
Apesar de algumas das dermatoses poderem surgir em qualquer pessoa, desenvolvem-se mais frequentemente no doente diabético. São exemplos as infeções bacterianas e fúngicas. Existem ainda dermatoses que aparecem exclusivamente nos diabéticos, como é o caso da Dermatose diabética e da Necrobiose Lipóidica.
Cuidados
nutricionais
A modificação do estilo de vida é um pilar fundamental no tratamento da diabetes, que assenta na realização da atividade física e nos cuidados nutricionais.
Os CSP têm importante papel no ensino dos cuidados nutricionais do doente diabético, quebrando o mito de que apenas a restrição da ingestão de açúcar é suficiente para o controlo da doença. Um plano alimentar personalizado a cada utente englobando uma dieta equilibrada e variada, é muito importante para o diabético. Deve-se reforçar a importância da alimentação fraccionada durante o dia, de forma evitar longos períodos de jejum.
Hipertensão
Arterial
A maioria dos diabéticos poderá vir a desenvolver HTA durante a sua vida, já que a Diabetes torna as artérias mais susceptíveis à aterosclerose, que leva ao endurecimento das paredes.
O aparecimento de HTA na Diabetes constitui um factor de preocupação e associação destas duas condições agrava o risco e complicações, nomeadamente a retinopatia e a nefropatia. Por isso é extremamente importante que os valores tensionais se encontrem adequadamente controlados.
Dislipidemia
A prevalência de dislipidemia em diabéticos é considerável, por isso é importante estudar o perfil lipídico aquando do diagnóstico de DM e durante o acompanhante.
Sabendo que por si só o diabético é considerado um doente com elevado risco cardiovascular, quando associada a dislipidemia os valores alvo de Colesterol LDL devem ser ainda mais apertados.
Tendo em conta que os CSP constituem a porta de entrada do doente no SNS e que é neles que a maioria dos diabéticos faz o seu acompanhamento, é importante que os Médicos de Família, que prestam cuidados longitudinais, não descurem o acompanhamento atento a todas estas possíveis complicações.
Bibliografia
http://www.diabetes.org
http://www.sphta.org.pt
Por: Daniela Medeiros Coelho*
*Médica Interna de Medicina Geral e Familiar Pós-graduada em Geriatria Clínica
(nota: artigo publicado por Daniela Medeiros Coelho no Jornal dos Cuidados de Saúde Primários em outubro de 2016)
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