Ganha fama, deita-te na cama
O ministro das Finanças surgiu na cena política como alguém de superior conhecimento e competência para o exercício da função e, não obstante os insucessos das suas medidas orçamentais plasmadas no OE de 2012, ainda há quem continue a alimentar a convicção de que estamos em presença de um predestinado que com as suas políticas há-de resolver os problemas do país: redução do défice e da dívida para níveis impostos pela UE, inversão da taxa do desemprego e incremento da economia, objetivos que foram anunciados para o ano corrente, sem que algum tenha sido atingido.
Quando perante tão desastrosos resultados qualquer outro ministro das Finanças teria sido remodelado, a sua “fama” faz com que ninguém ouse tomar a decisão acertada com receio, talvez, de que seja acusado de ignorante. Vai daí, governo, partidos e certamente o Presidente da República, perante cenários completamente irrealistas, como o de que o consumo privado em 2013 cairá apenas 2,2%, contra os estimados 5,9% para 2012, e que o défice se ficará pelos 4,5% do PIB, todos se aninham perante a obstinação de um homem que, para nós, revela preocupantes sinais de despeito por lhe terem chumbado a TSU, agindo como se fora um superdotado que os céus nos enviaram para o milagre das suas receitas nos salvar do inferno.
Neste quadro são legítimas as preocupações dos portugueses que, não sendo “iluminados” como o MF, sabem que em 2014 estaremos todos mais pobres, o país esbulhado dos seus patrimónios, o défice longe dos 4,5% (salvo se tudo for vendido a pataco para realizar receitas extraordinárias), o desemprego a roçar ou mesmo a ultrapassar os 20%, a dívida mais do dobro do previsto nos tratados europeus e, se partidos e PR não derem sinais de inteligência remodelando o governo, incluindo o PM, voltaremos a ouvir em 2013 o mesmo disco: mais austeridade para cumprir o memorando de entendimento, com os mesmos resultados desastrosos que as políticas de Gaspar veem evidenciando.
Para que assim não aconteça, os sociais-democratas têm a patriótica missão de rapidamente afastar Passos Coelho da liderança do partido, e Paulo Portas de não demorar a tirar o CDS do governo, mantendo na AR o apoio do que for necessário na defesa dos superiores interesses dos portugueses, antes que andemos todos à estalada como diz o jornalista Pedro Tadeu.
Por:
A. Alvaro de Sousa
|