“A Bailarina Vai às Compras estreia na Barraca e depois vem ao concelho no fim do mês
“A Bailarina Vai às Compras”, uma peça com texto e dramaturgia de Júnior Sampaio e Quico Cadaval, coordenação artística de Maria do Céu Guerra e interpretada pelo próprio Júnior Sampaio, vai estar em cena de 17 a 20 de novembro no Teatro Cinearte/A Barraca, sendo que o espetáculo do dia 20 se realiza às 17h00, ao contrário de todos os outros, às 21h30. A mesma peça vai ser apresentada depois ao público do Grande Porto de 23 a 27 de novembro, no Centro Cultural de Campo, estando todos os espetáculos marcados para as 21h30, com exceção do último, que terá lugar às 17h00.
“A Bailarina Vai às Compras”, segundo a sinopse da peça, «revela um transexual de meia idade a fazer um espetáculo performativo nos corredores do supermercado central de Tolaboa, sendo sucessivamente interrompido por telefonemas que o impedem de concretizar o seu objetivo.
Com o carrinho repleto de necessidades básicas e impossibilitado de as pagar, ele percorre o supermercado de frente para trás a devolver às prateleiras todos os bens de consumo.
A cada objeto que devolve à prateleira ele, a Bailarina, dá mais um passo no caminho incerto…
Dança com as palavras num jogo de quem não tem nada a perder. Canta com o corpo em movimento, num jogo de quem não tem nada a ganhar.
Da razão ao delírio, do bom senso ao grotesco, do trágico ao cómico, do clássico ao contemporâneo, da mulher ao homem, do sexo ao amor, do social ao íntimo a Bailarina fala, canta e dança pelos corredores do Supermercado até se recolher no sonho da arte que lhe permite continuar a viver neste mundo».
Conforme aponta Maria do Céu Guerra referindo-se à peça que ajudou a criar, «estamos perante um texto que nos leva a um mundo que não conhecemos bem, que nos leva à paixão, onde estamos habituados a ver purpurinas e a intuir frivolidades. É para isso também que serve o Teatro. Para nos levar para o outro lado do espelho, para o outro lado da porta, para mais longe do que o olhar. O Texto oferece-nos o trânsito de alguém que se assume como um “erro da natureza” mas que, mesmo assim, ama, tem mãe, tem normalidade, tem médica que lhe minimiza (ou agudiza?) a dor e tem compulsão para comprar.
Não tem a aceitação dos outros, nem tem dinheiro. E por isso a personagem simula a aquisição. Não precisamos de saber se é cleptómana, se tem pulsão aquisitiva, ou se quer aquelas coisas porque precisa delas. Açúcar, farinha, arroz, bens essenciais que não tem dinheiro para pagar. E acaba por devolver tudo e fazer do acto uma terapia contra a compulsão. E oferece-se ao público vulgar, transformando o supermercado no seu teatro e as caixeiras em público. Como todos nós a personagem faz teatro para que a amem e para se tratar. E escolhe uma máscara que amplia, distancia, enormiza mas aflora a Dor das suas dores. Afinal, a bailarina vai comprar Amor. E não tem dinheiro para pagar. E volta à sua intimidade, ao seu silêncio, ao seu amor retribuído. E, por fim, mais livre, a Bailarina encontra uma arte mais limpa, mais perto do coração para se expressar. Deve haver uma maneira de aliviar a nossa dor, pensa ela, e descobre a sua Arte.
Estamos perante um trabalho que nos enriquece».
Ficha Artística e Técnica:
texto e dramaturgia
Júnior Sampaio e Quico Cadaval
coordenação artística
Maria do Céu Guerra
encenação
Rita Lello
interpretação
Júnior Sampaio
música
Rui Lima e Sérgio Martins
movimento
Ruben Garcia e Vânia Naia
cenografia
Bruno Guerra
figurinos
Manuela Bronze
voz
Maria Luís França
desenho de luz
Vasco Letria
produção executiva
Amélia Carrapito
design
Vitor Cardoso
classificação M/16
Projeto Financiado pela Secretaria de Estado da Cultura /DGArtes
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