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    Arquivo: Edição de 15-06-2011

    SECÇÃO: Editorial


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    Para a frente e para trás, tal como o caracol!...

    Tenho observado com certa atenção o caminhar desses animaizinhos que me roem e sujam as minhas plantas de estimação..., na verdade o País caminha de uma forma parecida, lenta, muita lenta e tortuosa, nós sempre convencidos que caminhamos em frente…

    E nesta caminhada, interrompida por umas eleições e formação de mais um governo, aguardamos com ansiedade e alguma angústia o que nos espera nos próximos anos.

    Sempre que há mudanças, sejam elas do tempo, da vida, de emprego, de lugar onde se vive, dos partidos que nos governam, desejamos sempre que seja para melhor, a nossa caminhada é sempre numa perspetiva positiva, nunca aceitamos que seja pior, é bom que pensemos assim.

    O País vive há muito uma crise profunda que cada um foi camuflando ao seu modo, uns com medo de enfrentar uma realidade que já os tocava por perto, outros para esconder os seus erros, alguns viviam noutro planeta convencidos que alguém os havia de salvar, entretanto quem podia... governou-se.

    Um outro grupo não arriscou, porque não teve iniciativa, porque estavam mais lúcidos, porque tinham consciência das suas posses, porque foram honestos... e o que ganharam? Hoje são cúmplices de uma dívida de todos nós.

    Neste país em que acreditávamos que o fosso entre ricos e pobres tinha diminuído, acordamos desse sonho com um pesadelo duma dívida imensa, que a maioria dos portugueses não entende, nem foi consultada para tal, mas da qual vai ter de prestar contas.

    Será que os portugueses não mereciam um melhor esclarecimento do que entretanto se passou?

    Como podemos partir usando um discurso eloquente, sem dúvida, mas sem uma palavra de solidariedade para com aqueles que foram vítimas dos seus devaneios?

    Entramos num outro cruzamento desta caminhada, não sei se reta, se tortuosa, uma coisa é certa, vai ter que se recuar muito, porque quem nos comanda e exige é o FMI.

    Temos que nos preparar para enfrentar muitos obstáculos, muitos medos e dificuldades.

    Nestes momentos as pessoas tendem a isolar-se, afastam-se dos amigos, os falsos amigos desaparecem e é nestas alturas que temos de estar mais atentos para ajudar sem magoar.

    Vivem-se momentos difíceis aqui e em muitos países, para além da crise financeira e económica há uma outra crise social profunda que tem levado muitos pensadores a refletir sobre ela.

    Umberto Eco refere a propósito da análise deste início do século XXI: «Quase que parece que a História, cansada das confusões dos últimos dois mil anos, se está a enrolar, caminhando velozmente a passo de caranguejo».

    Vivemos um período de muita incerteza e de medos, que levam a que cada se torne cada vez mais individualista. Na procura da sua defesa o homem isolou-se e vive cada vez em maior solidão. É altura de equacionarmos alguns valores como os da amizade, palavra que perdeu em muitas situações o seu verdadeiro valor.

    Na linguagem corrente a palavra amizade tanto pode indicar o vizinho, o conhecido, o sócio, o colega, todos os que nos são próximos. Mas há outro tipo de amizade que pertence a uma classe mais restritiva, a dos chamados “amigos do peito”.

    «Amigo é aquele a quem agrada e que deseja fazer bem a outro e que espera que os seus sentimentos sejam retribuídos». (1)

    Para São Tomás de Aquino, «amar é querer fazer o outro feliz».

    Pois é nestes momentos difíceis que os amigos mostram o que valem, nem que tenha de se recuar um pouquinho.

    (1) J.M.Reisman

    Por: Fernanda Lage

     

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