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    Arquivo: Edição de 15-03-2010

    SECÇÃO: Editorial


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    As andorinhas já não voltam…

    A chegada das andorinhas a casa dos meus pais era sempre motivo de alegria e de esperança, a minha avó ensinou-me que era uma dádiva ter andorinhas nos beirais e desde muito pequena aprendi a esperar pela Primavera e a interrogar-me se eram ou não as mesmas do ano anterior, que tempo durava uma andorinha?

    Uma eternidade – dizia a minha avó, estas são as nossas andorinhas, elas voltam sempre, se nos portarmos bem e formos merecedores da sua visita…

    Sempre aprendi a respeitar os ninhos, mas os de andorinhas eram sagrados.

    No colégio onde estudei festejava-se a chegada da Primavera, enfeitavam-nos com flores e laços de seda.

    Chegavam as andorinhas, faziam-se as limpezas das casas, abriam-se as janelas de par em par para que o sol entrasse e aquecesse as nossas almas tristes e frias do Inverno. Para as receber floriam as cerejeiras, as glicínias e o rosmaninho, lavravam-se as terras e faziam-se muitas sementeiras, plantavam-se as hortas, a terra mexida era um chamariz para os pássaros que em bandos faziam voos rasantes sobre a terra fresca.

    A Primavera traz consigo essa força de renovação que se repete todos os anos e nos dá alento para ultrapassar as incúrias do Inverno, a que Torga chamou «morte figurada».

    E à Primavera «Vida/ Renascida/ E celebrada/ Num festival de pétalas e cores».

    Na nossa terra já não vejo andorinhas, a nova estação do caminho-de-ferro já não tem ninhos nem a antiga casa do café no largo da estação. Os tempos mudaram, ainda bem, mas temos de acreditar que o Inverno tem de passar e que vamos conseguir, como e quando não sei…

    Acredito na força dos homens e na natureza e sei que somos capazes, dobrámos o Bojador e vamos ultrapassar este momento de crise, mas para isso temos de ser realistas e compreender que o mundo mudou, que as andorinhas já não nos visitam todos os anos, como elas muitos outros seres vivos vão desaparecendo, com eles muitos dos nossos sonhos, mas ainda pode ser Primavera, por muito rigoroso que seja o Inverno as flores acabam por rebentar, mas há espécies que vão desaparecendo tal como as andorinhas que escolheram outras rotas onde ainda conseguem sobreviver.

    Por: Fernanda Lage

     

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