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    Arquivo: Edição de 15-05-2009

    SECÇÃO: Cultura


    ENTREVISTA COM O PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA E CULTURAL DE ERMESINDE ALBERTO MATEUS

    AACE: Um ícone dinâmico na promoção da cultura na nossa cidade

    2009 é um ano marcante para história da Associação Académica e Cultural de Ermesinde (AACE). O ano em que são assinalados 10 anos desde a fundação deste importante ícone cultural da nossa cidade. Nesta edição “A Voz de Ermesinde” faz uma viagem ao universo da associação, onde fomos guiados pelo seu presidente da Direcção, Alberto Mateus, com quem percorremos o passado, (mas sobretudo) o presente e o futuro desta popular instituição cultural.

    A viagem, ou o sonho, teve início há precisamente uma década atrás – ou um pouco mais do que isso – quando um punhado de sonhadores, onde entre os quais figuravam os ilustres cidadãos da nossa terra Faria Sampaio e Joaquim Teixeira, aspirava dar a Ermesinde um orfeão. Na altura havia já uma tradição de órfeões por estas bandas mas apenas ao nível da igreja e o desejo destes homens era criar um órfeão da cidade para a cidade. E assim o foi, com a data de 15 de Abril de 1999 a entrar nos anais da história cultural ermesindense, data essa em que nascia oficialmente a AACE.

    Infelizmente, nem Faria Sampaio nem Joaquim Teixeira (aquando da constituição oficial da associação eleitos, respectivamente, como os seus primeiros presidentes da Mesa da Assembleia Geral e da Direcção) assistiriam ao brotar do sonho... de ver a primeira actuação do seu orfeão, já que ambos faleceriam algum tempo antes desse histórico momento.

    De lá para cá o crescimento da AACE foi extraordinário, e aquilo que começou por ser uma associação dependente do orfeão tornou-se com o decorrer dos anos um dinamizador cultural com vários pólos de actividade, com o surgimento posterior da Companhia de Teatro Casca de Nós (onde se encontra inserida uma escola da arte de representar), do Grupo de Música Tradicional Portuguesa, do Orfeão Juvenil, do Grupo de Fados e, mais recentemente, da Escola de Música (onde é ministrado o ensino de viola, cavaquinho e teclados). «Actualmente estão a trabalhar directamente com a associação (nas diversas valências) 150 pessoas de todas as idades», referiu Alberto Mateus, embora a faixa etária dos “colaboradores” da associação seja maioritariamente adulta. «Infelizmente temos menos jovens do que gostaríamos».

    REJUVENESCIMENTO

    COM UM NOVO

    PROJECTO

    Fotos MANUEL VALDREZ
    Fotos MANUEL VALDREZ
    E é para contrariar esta tendência que a AACE criou aquele que é tido como o seu grande projecto para o futuro imediato, a Escolinha de Música. Valência que irá ver a luz do dia em Setembro próximo, estando já os membros da associação a promover acções de divulgação junto de sócios e amigos destes, para que possam passar a palavra ao maior número de público possível. «A escolinha poderá ter um grande impacto num futuro próximo, pois existem muitas crianças em Ermesinde. Aliás, constatámos que há um número bastante significativo de crianças da cidade a aprender música em escolas de fora. Esta será sem dúvida a grande aposta da actual Direcção, pensando nós desta forma rejuvenescer a associação».

    Escolinha que será destinada a todos os meninos e meninas com idades compreendidas entre os 3 e os 10 anos de idade, e que comportará na sua estrutura a aprendizagem teórica e prática de flauta, violino e viola.

    A julgar pelo sucesso recente da Escola de Música não será pois de estranhar – longe disso – que este novo projecto seja igualmente coroado de êxito. E a propósito da Escola de Música (formada na sua grande maioria por adultos), Alberto Mateus relembra precisamente o sucesso da sua criação, com o momento alto a acontecer durante a semana das comemorações do 10º aniversário da associação (decorreu entre 15 e 19 de Abril, com o teatro a exibir a peça “A Birra do Morto” a 24, 25 e 26 do mesmo mês), altura em que numa dessas noites os alunos (29 ao todo, 12 na escola de cavaquinhos e 17 na de viola e teclados) tiveram a sua primeira aparição pública. «Essa aparição teve um impacto enorme junto do público, já que posteriormente nos apareceram inúmeras pessoas a querer frequentar a escola. E isto também aconteceu porque ao termos alunos de 50 e 60 e tal anos ali em palco, fez com que as pessoas percebessem que nunca são velhas demais para começar a aprender a tocar um instrumento. Daí acharmos que esta divulgação foi óptima em termos de cativar novos alunos».

    Esta semana cultural festiva promovida pela AACE (com os espectáculos a decorrerem maioritariamente no auditório da Junta de Freguesia de Ermesinde) deu ainda para perceber – se é que existiam dúvidas – que existe uma ligação afectiva extremamente forte entre a associação e a cidade. Em todas as noites (cada noite foi preenchida pela actuação de uma valência) a casa esteve sempre... cheia! Aliás, não é de admirar, pois este é um ritual comum sempre que as valências da AACE actuam. Contudo, e segundo o presidente da Direcção, existe ainda um número significativo da população de Ermesinde que não conhece a AACE, e isso tem-se verificado sempre que a associação vai cantar as Janeiras a zonas periféricas da cidade, como a Bela, Sampaio, ou as Macieiras (próximo da Lipor). «Vamos tentar desenvolver um trabalho de divulgação das nossas actividades nessas zonas. Aliás, temos já em estudo a realização de espectáculos para esses locais da cidade», adiantou.

    Espectáculos agendados que não faltam à AACE, e só a título de exemplo diga-se que tanto o Orfeão Sénior, como o Grupo de Música Tradicional e a Companhia de Teatro Casca de Nós têm nos próximos meses um calendário para lá de preenchido, com actuações em diversos pontos do país e do estrangeiro, mais concretamente na vizinha Galiza (na zona de Pontevedra), onde o trabalho da AACE é já bem conhecido. Por várias ocasiões algumas das suas valências actuaram lá, criando desta forma uma forte ligação com as gentes e as associações culturais daquela zona, de tal modo que tem havido com alguma frequência um intercâmbio cultural entre elas (com os galegos a retribuir a visita a Ermesinde também já em várias ocasiões).

    UM PRESENTE

    INESPERADO

    foto
    Voltando às comemorações do 10º aniversário da AACE, damos conta de outra boa nova, de uma prenda de aniversário inesperada oferecida pelo presidente da Câmara de Valongo, Fernando Melo: a doação de um terreno (situado na Rua Padre Américo) para a construção da futura sede da associação! Um presente que deixou extremamente feliz toda a “família” da AACE, até porque com a dimensão que esta vem tendo, com o avançar dos tempos torna-se cada vez mais urgente a criação de uma nova sede onde sejam incorporadas várias infra-estruturas para as suas valências trabalharem. Presentemente a sede social da associação funciona numa casa na Rua Nova de Sonhos, edifício esse que inicialmente foi cedido por uma associada benemérita a título gracioso, embora de há uns tempos a esta parte esteja a ser paga uma renda mensal. Espaço que, dentro em breve, vai ser alvo de obras de ampliação, na sequência da aquisição de uma nova sala, mas que mesmo assim se torna pequeno para o dia-a-dia da associação, que tem de repartir os ensaios das suas valências pela sede, por umas instalações cedidas pela arquitecta Fernanda Lage (junto à Igreja Matriz), e pelo Fórum Cultural de Ermesinde (espaço este usado pelo grupo de teatro, que na impossibilidade de usar o espaço cultural camarário, utiliza as instalações dos Bombeiros de Ermesinde e do Centro Social desta cidade, tendo Alberto Mateus aproveitado a oportunidade para efectuar desta forma um agradecimento público a estas instituições e pessoas). «Claro que agora – com a doação do terreno – vai surgir um novo problema, a construção da sede. O que para já não vai ser possível, pois a associação não tem esse dinheiro, e os apoios estatais para o efeito praticamente não existem. Mas estou a pensar que daqui a 10/12 anos vamos conseguir erguer ali as nossas futuras instalações. Estamos convictos de que a população de Ermesinde nos vai ajudar a realizar este sonho. Aliás, logo após o anúncio do presente da Câmara de Valongo, recebi alguns telefonemas de associados que se dispuseram a contribuir com 250/300 euros para a realização da obra. Por isso, penso que vamos conseguir, embora, e repito, este seja um projecto de longa duração».

    Dificuldades económicas que por estas alturas vão sendo um apanágio em todas as associações e/ou colectividades do país com o advento da crise. A AACE não foge à regra... «A dimensão da associação implica hoje custos muito maiores do que quando surgimos apenas com o orfeão. Relativamente às escolas nós tentamos ter um equilíbrio económico-financeiro, ou seja, os alunos pagam uma mensalidade que dá para cobrir os gastos para com os professores. Nas outras valências isso não se verifica, tentamos criar alguns espectáculos e obter rendimentos a partir deles, embora a maior parte dos nossos espectáculos sejam realizados para instituições de solidariedade social, de forma graciosa, portanto. Mas todos os integrantes de cada valência comparticipam no seu financiamento», explica.

    A finalizar esta conversa Alberto Mateus – cuja Direcção por si dirigida iniciou funções em Janeiro último – deixaria um leque de rasgados elogios aos seus pares directivos, os quais classifica de extraordinários no que toca ao envolvimento e na vontade de trabalhar e ultrapassar os problemas que vão surgindo no caminho. Palavras de agradecimento sincero igualmente para os cerca de 400 associados da AACE, pela dedicação incansável que sempre têm para com a associação. E por fim um obrigado ao poder político local – Câmara de Valongo e Junta de Ermesinde –, pois «é importante haver boas relações entre as associações e o poder político local, e as nossas relações com a Câmara e a Junta têm sido excelentes», rematou.

    Por: Miguel Barros

     

     

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