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    Arquivo: Edição de 28-02-2009

    SECÇÃO: Educação


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    O DESAFIO DA EDUCAÇÃO

    Mutismo Electivo

    O grande desafio que se coloca aos pais é a procura de melhores respostas para as diferentes situações ao longo do desenvolvimento dos seus filhos.

    Este espaço pretende informar e responder a questões generalizadas na área do desenvolvimento da linguagem e da aprendizagem e suas implicações no percurso escolar. Para um maior esclarecimento: [email protected] ou www.elisabetepinto.com

    O Mutismo Electivo (anteriormente designado por mutismo Selectivo) é uma perturbação grave da comunicação (Peña-Casanova J., 2002). Esta caracteriza-se pelo silêncio voluntário, da criança, perante determinadas pessoas ou em determinadas situações, sem que exista uma perturbação da compreensão da linguagem nem da capacidade de falar que justifique (Machleidt W. et al, 2004). São crianças que desenvolvem normalmente a sua linguagem e que falam noutros contextos. Estas apresentam-se tímidas e retraídas quando estão na escola ou rodeadas por pessoas estranhas que podem ser professores, vizinhos ou outros (Chevrie-Muller, 2001). É mais frequente nas meninas e afecta entre 0,6 a 0,7% das crianças em idade escolar, ao nível do 1º ciclo do EB (DSM-IV-TR). Marcelli D. et al (1996) acrescenta que pode ser acompanhado de enurese e descreve um outro tipo de Mutismo:

    Mutismo Total Adquirido, o qual surge com frequência após um impacto afectivo. Observa-se especialmente no adolescente, é de duração variável, mas com frequência passageiro. Ocasionalmente, é seguido de um período de palavra balbuciante ou de uma Disfluência (gaguez) transitória;

    O Mutismo Electivo não é uma perturbação frequente e está muitas vezes associado à entrada na escola, numa relação de 9 em cada 10 casos (Chevrie-Muller, 2001). Muitas destas crianças recuperam o seu comportamento normal ao fim de um mês. Por vezes, a intervenção é tardia, pelo facto de os pais não acreditarem nas queixas que lhes chegam através dos professores. A escola desempenha um papel importante no tratamento facilitando ou dificultando o seu desenvolvimento, sendo que a colaboração do professor/educador se encontra implícita na partilha de informações e nas atitudes a ter com a criança, na sala de aula. Peña-Casanova J. & Alonso A. (2002) alertam para os cuidados a ter em contexto escolar:

    1.Não se deve surpreender a criança quando fala, muito menos tentar subornar (com gratificações) para que fale ou, pelo contrário, castigá-la até que fale;

    2.Não deve ser tratada como uma criança especial ou diferente e as questões não devem ser dirigidas a ela, mas sim à turma;

    3.Não devem ser valorizadas situações em que a criança fale (por ex: ler em voz alta, cantar, etc.). Neste caso, o professor deve repetir essas actividades.

    Em casa, os pais não devem questionar a criança sobre se falou na escola ou não, nem devem fazer do problema um constante motivo para conversa.

    O diagnóstico inicial pode confundir-se com uma fobia escolar, com timidez ou depressão e inclusive com traços psicóticos, contudo os autores Peña-Casanova J. & Alonso A. (2002) referem alguns indicadores para que se identifique a problemática adequadamente:

    1.A criança não deve ser portadora de outras perturbações psicológicas, défices auditivos, atraso de linguagem e deficiência mental;

    2.A linguagem básica já deve estar adquirida, assim sendo, trata-se de um problema cujo início não é inferior aos 4,5 anos ou 5 anos de idade;

    3.A criança fala com normalidade em determinadas circunstâncias e não fala nunca noutras. O período mínimo da persistência do mutismo é de 6 meses;

    4.A compreensão da linguagem oral e a comunicação não se alteram. A criança faz-se compreender, compreende e comunica em todos os contextos da vida quotidiana;

    5.Em determinadas ocasiões, observam-se comportamentos negativos e de oposição (DSM-IV-TR);

    6.A Perturbação Específica da Linguagem, em alguns casos, pode estar associada (Narbona J., Chevrie-Muller, 2001).

    O encaminhamento destas crianças deve ser realizado logo após o reconhecimento destes sintomas, com o objectivo de evitar o insucesso escolar e a ridicularização a que se encontram sujeitas por parte dos companheiros. A avaliação deve ser realizada por equipa multidisciplinar constituída pela Pedopsiquiatra, Psicóloga e, no caso de serem observadas perturbações da linguagem, por Técnico de Reabilitação da Linguagem. O tratamento pode passar pela administração de medicação e pela terapia de modificação do comportamento (DSM-IV-TR).

    Por: Elisabete Pinto

     

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