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    Arquivo: Edição de 10-07-2008

    SECÇÃO: Psicologia


    A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE MENTAL

    O desejo não desaparece com a idade: visão da sexualidade numa fase avançada da vida

    Este é um espaço de reflexão e diálogo sobre temas do domínio da Psicologia, que procurarei dinamizar com regularidade, trazendo para aqui os principais problemas do foro psicológico que afectam pessoas de todas as idades. Na qualidade de psicóloga estou disponível para os leitores de “A Voz de Ermesinde” me poderem colocar as questões que desejarem ver esclarecidas, através de carta para a redacção deste quinzenário ou para o seguinte “e--mail”: [email protected]

    Ao longo dos últimos tempos, nos países desenvolvidos a esperança média de vida tem vindo a aumentar. Hoje em dia os idosos constituem grande parte da população.

    É um facto que o nosso país está a envelhecer, e verifica-se uma acentuada tendência para que esta situação se mantenha nos tempos que se avizinham.

    Porém, este tema não tem assumido a devida importância na sociedade, que insiste em ‘marginalizar’ estes indivíduos, colocando-os à margem da população activa.

    A sexualidade normalmente é um tema de difícil entendimento por parte das sociedades existentes, mesmo para os jovens, facto que se agrava ainda mais quando consideramos o caso dos idosos.

    Insiste-se em acreditar que a actividade sexual desaparece com a idade, muito embora se trate de uma crença sem qualquer fundamento. Uma visão restritiva em relação à sexualidade considera que com a idade avançada vive-se apenas um período em que o indivíduo assume unicamente o papel de avô ou avó, cuida dos seus netos, faz tricô ou vê televisão.

    Muitas pessoas na oitava década de vida continuam sexualmente activas, e mais de metade dos homens acima dos noventa anos assume manter desejo sexual.

    A sustentação da crença de que com o avançar da idade e o declínio da actividade sexual estejam inexoravelmente ligados tem sido responsável por não se prestar atenção suficiente a uma das actividades mais fortemente ligadas à qualidade de vida, a sexualidade.

    Esta tem sido devotada como uma actividade própria das pessoas jovens, das pessoas com boa saúde e aquelas que são fisicamente atraentes.

    A ideia de que as pessoas de idade avançada também possam manter relações sexuais ainda não é culturalmente aceite. As pessoas preferem ignorar, fazendo desaparecer do imaginário colectivo a sexualidade da pessoa idosa.

    Apesar deste viés cultural, a velhice conserva a necessidade de uma expressão sexual continuada, não havendo, pois, uma idade para que a actividade sexual, os pensamentos sobre sexo e o desejo acabem.

    A sexualidade continua impregnada de uma ideia muito associada ao coito, não compreendendo ou concebendo outras atitudes, condutas ou práticas da mesma forma prazerosas. O diálogo envolto de palavras carinhosas, estimulantes, carícias preliminares, um forte entendimento e cumplicidade... tudo isso faz parte da expressão sexual, e há que encontrar aquelas que mais se coadunam a cada casal idoso.

    Há, efectivamente, uma evidência de que as pessoas de idade avançada são capazes de ter relações sexuais e sentir prazer nas mesmas actividades a que se entregam as pessoas mais jovens. Apesar de existirem modificações na resposta sexual e desta se tornar mais lenta com a idade, pode afirmar-se que ela nunca desaparece por completo.

    O preconceito existe devido à falta de informação.

    A sexualidade nesta fase da vida até pode ser experienciada de forma mais intensa e com maior qualidade, uma vez que, à partida, os problemas do quotidiano relacionados com a criação dos filhos e horários de trabalho, muitas vezes já se encontram estabilizados.

    “É bom na terceira idade amar e ser amado”.

    Pense-se sobre isso.

    Por: Joana Dias

     

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