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    Arquivo: Edição de 15-01-2008

    SECÇÃO: Psicologia


    A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE MENTAL

    Cleptomania: ladrões anormais?

    Este é um espaço de reflexão e diálogo sobre temas do domínio da Psicologia, que procurarei dinamizar com regularidade, trazendo para aqui os principais problemas do foro psicológico que afectam pessoas de todas as idades. Na qualidade de psicóloga estou disponível para os leitores de “A Voz de Ermesinde” me poderem colocar as questões que desejarem ver esclarecidas, através de carta para a redacção deste quinzenário ou para o seguinte “e-mail”: [email protected]

    A Cleptomania, comummente conhecida como o hábito que as pessoas ricas têm para roubar, é uma perturbação que tem gerado bastante controvérsia na nossa sociedade actual.

    Sendo mais comum em casos de mulheres adultas, pode afectar indistintamente crianças, adultos e idosos de ambos os sexos e de todos os estratos sociais. O indivíduo cleptomaníaco não rouba por necessidade (pois a maioria dos sujeitos pertence a classes sociais abastadas), nem os objectos costumam ser para uso pessoal. O problema centra-se ao nível do controlo dos impulsos, isto é, o sujeito desenvolve uma enorme tensão quando se encontra em face de um objecto estimulante, que o leva a cometer o furto. Muito embora este seja entendido como algo errado e sem sentido, o sujeito não é capaz de se conter.

    Desengane-se quem pensa que estes indivíduos só roubam objectos de elevado valor monetário. Pelo contrário, sujeitos cleptomaníacos têm tendência a furtar objectos de baixo valor, normalmente pequenos e brilhantes. Quando finalizado o acto, o sujeito costuma sentir satisfação e um alívio gratificante. No entanto, sentimentos de culpa e depressão podem também ser uma eventual consequência.

    Após o roubo, o sujeito pode devolver disfarçadamente os objectos, deitá-los fora, guardá-los ou presentear alguém. O acto não é premeditado, nem conta com a participação de outros elementos. O sujeito pode ou não ter em consideração as eventuais repercussões que podem advir do roubo. Não obstante, normalmente em casos de poder ocorrer uma detenção imediata o sujeito pode suprimir a tentação de roubar. Ainda assim, indivíduos cleptomaníacos envolvem-se frequentemente em situações de prática ilegal.

    Psiquiatras e psicólogos podem ser chamados a depor e se a Cleptomania for diagnosticada atempadamente, é provável que ocorra uma diminuição da pena que o sujeito deveria cumprir. Dependendo do grau da doença, o indivíduo pode ficar isento de culpa, sendo reencaminhado para tratamentos psiquiátricos. No entanto, este é um processo árduo e por vezes o sujeito acaba por ser condenado pela simples concreticidade do seu acto, assemelhando-se erroneamente a um ladrão.

    ENCARADA

    COM PRECONCEITO

    NEGATIVISTA

    A escassa informação que a sociedade em geral detém acerca desta perturbação, faz com que ela ainda seja encarada de forma bastante preconceituosa e negativista. Tanto a família como os amigos, quando surpreendem um indivíduo adulto a roubar têm tendência a repreendê-lo pela situação.

    É bastante difícil a aceitação da doença, tanto para o próprio sujeito, como para aqueles que o rodeiam. No entanto, a repetição destes actos pode levar os sujeitos a considerarem a possibilidade de uma eventual perturbação. Família e amigos devem apoiar incondicionalmente o sujeito e incentivá-lo a procurar ajuda junto de profissionais especializados.

    Ainda assim, a recusa de tratamento é bastante comum, uma vez que implica a exposição do caso, que ainda se encontra envolto em variados estigmas sociais e repercussões jurídicas. Desta forma, há já alguns sujeitos que se servem da Internet como seu terapeuta electrónico, uma vez que criam blogs a relatar os seus próprios casos. A divulgação da doença através de novelas fez aumentar o número de pessoas que procuraram ajuda. Não obstante, casos de sucesso ao nível do tratamento não são muito comuns, mas é importante incentivar o doente a continuar a terapia com a intenção de tentar manter os sintomas cleptomaníacos controlados.

    Por: Joana Dias

     

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