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    Arquivo: Edição de 15-01-2008

    SECÇÃO: Cultura


    Castanheiro (Castanea sativa Miller)

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    Majestosos no seu porte, de copas grandiosas, os castanheiros são das árvores mais bonitas do nosso país. Quando novos têm os caules lisos, mas o tempo encarrega-se de os marcar tornando-os rugosos e torcidos. Deles se extrai boa madeira e também nos presenteiam com as saborosas castanhas, “a árvore-do-pão”, como lhe chamavam os romanos.

    De troncos tortuosos, curvados pelos anos, são extremamente generosos e amigos, neles abrigam uma infinidade de seres, animais e vegetais.

    Por vezes parecem-me verdadeiros mundos minúsculos, qual floresta quase microscópica.

    Soutos e castiçais com centenas de anos, solos cobertos de camadas de folhas e ouriços que com musgos, líquenes fazem a cama aos saborosos cogumelos como os boletos e cantarelos.

    Quantos anos, quantas gerações, suportam estes troncos!?

    Verdadeiras esculturas vivas, esculpidas pelo tempo, sempre diferentes, ao longo do ano, e ano após ano…

    Os soutos no início da Primavera são de um verde suave, de uma luz coada e transparente, segue-se um período em que as folhas crescem e ficam de um verde compacto salpicados de cachos de flores amarelas muito perfumadas, os ametilhos, conhecidas nalgumas regiões por candeias e, por fim, bolinhas verdes claro. Chega o Outono e os soutos são verdadeiros quadros de pinceladas largas, de cores quentes, desde o amarelo passando pelo vermelho até aos castanhos dourados e assim permanecem até começarem a cair as folhas uma a uma, como uma dádiva dos céus atapetando os solos e os caminhos.

    Enquanto não chegam as primeiras chuvas os solos dos soutos parecem de veludo, as folhas deslocam-se à mínima brisa que sopre, é o tempo dos segredos, dos sussurros.

    Como eu gosto de as ouvir!

    Caminho ao som daqueles burburinhos e procuro entre as folhas as primeiras castanhas, ouriços abertos esperam ansiosos que alguém recolha as suas dádivas.

    Ao fim-de-semana vai-se ao souto, todos procuram castanhas nas bermas dos caminhos.

    É a época dos magustos, do cheirinho a castanha assada.

    Despidos no Inverno, mas hirtos, troncos de cor castanho acinzentado e os ramos das copas castanho rosado, marcam mesmo a uma longa distância, os soutos na paisagem.

    Nas regiões onde cai neve estes transformam-se em verdadeiras rendas finas de um branco imaculado.

    Quando muito velhos e cansados os jovens mancebos transportam-nos para os largos da aldeia onde se consomem, da noite de Natal ao Ano Novo.

    ESCULTURAS VIVAS

    Fotos LUÍS LAGE
    Fotos LUÍS LAGE
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    Por: Fernanda Lage

     

     

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