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    Arquivo: Edição de 10-12-2007

    SECÇÃO: Editorial


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    O Natal virtual

    Aproxima-se a época festiva do Natal e as chamadas sociedades da abundância inundam as cidades de luzes, de enfeites, de mensagens. Frases feitas à escolha do freguês que, nestes últimos anos, entram repetidamente pela casa de cada um, camufladas de muito pessoais, pensadas, elaboradas, que nos deixam perplexos.

    Quando começou esta moda, eu, como sempre distraída e ausente destas novidades, recebi uma mensagem muito elaborada e pensei: – Este meu amigo está muito filosófico! Qual o meu espanto quando, passada meia-hora, recebi mais umas quatro ou cinco iguais. E como diria Baudrillard: «À nossa volta existe uma espécie de evidência fantástica do consumo e da abundância, criada pela multiplicação dos objectos, dos serviços, dos bens materiais.

    Vivemos num mundo cada vez mais virtual, já nem as conversas entre os homens são verdadeiras, usa--se o discurso mais apropriado para o momento, em tudo se utiliza o “politicamente correcto”.

    Os conceitos de “ambiente” e de “ambiência”, tão na moda nos nossos dias, só adquiriram o peso que hoje lhes atribuímos quando o homem deixou de viver mais perto dos outros homens e mais próximo “da nossa ambiência virtual, da ausência mútua de uns e dos outros”.

    Quantas cimeiras, quantos acordos, quanto desperdício, realizados com a melhor das intenções!

    Já começam a ser visíveis as consequências do aquecimento global do planeta e, como foi dito na Conferência de Bali, «a comunidade científica chegou a uma conclusão», os governos sabem muito bem que as propostas de redução da emissão de gases com efeito de estufa de 25 a 40 por cento até 2020 são fundamentais. Mas quem se vai comprometer?

    É esta hipocrisia que me revolta, apontam-nos os pequenos gastos, mas as grandes potências não assumem os seus, têm um discurso “politicamente correcto”, mas são os maiores responsáveis pela poluição, pelo convite ao desperdício, pelo elogio do descartável, pela venda virtual da felicidade aos pacotes.

    Tudo isto vem a propósito das inúmeras definições de Natal que enchem os nossos telemóveis e os “presentes” – objectos inúteis para simbolizar o Natal. Vale tudo, até as frases mais incompreensíveis, que nos deixam a pensar!...

    Afinal estou a ser injusta, deixaram-me a pensar...

    E porque acredito que ainda somos seres pensantes, eu não posso passar em branco esta época sem lembrar os direitos dos homens, sem chamar hipócritas aos que se julgam donos do mundo.

    Por: Fernanda Lage

     

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