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07-05-2018 14:51
Ermesinde revive adrenalina das corridas de carrinhos de rolamentos
A adrenalina das corridas dos carrinhos de rolamentos voltou a fazer-se sentir em Ermesinde. Facto ocorrido na tarde de ontem, dia 6 de maio, altura em que a nossa cidade acolheu mais uma prova a contar para o Campeonato Nacional de Carrinhos de Rolamentos, mais concretamente a 5.ª prova da edição de 2018 do certame. Prova essa que encerrou o programa da iniciativa “Ermesinde Festeja a Juventude / 2018”, promovida pela Junta de Freguesia local.

À semelhança de anos anteriores, o palco das emoções, o mesmo será dizer o circuito, foi montado na Rua Capitão Aires Martins (com a meta a ser instalada já na Rua 5 de Outubro), local onde os cerca de 60 participantes deram o seu melhor – num percurso com uma extensão de 1,5Km – para conquistar o 1.º lugar nas três categorias a concurso – Categoria A, Tradicional e Alterados.

Foram muitos os populares que se acomodaram na berma da principal artéria que deu vida à corrida, testemunhando não só a perícia dos pilotos em ação como também, como nos foi dito por um pequeno espetador, apreciar o “design” dos carrinhos. E neste aspeto específico havia gostos para tudo, carros mais simples - construídos somente com uma tábua em madeira, uma corda, dois eixos e quatro rodas – e outros mais pomposos, digamos assim, e que se assemelhavam a pequenos kartings ou F1!

No final, a vitória foi para alguns dos suspeitos do costume, isto é, para Basílio Ferreira (na categoria de Alterados), Hernâni Fernandes (na Classe A) e Sérgio Silva (levou a melhor na categoria Tradicional), pilotos que registaram o tempo mais rápido na descida cronometrada. E quando dizemos suspeitos do costume queremos dizer com isto que se tratam de alguns dos atuais craques desta atividade, já que entre eles repartem vários títulos de campeão nacional nas diversas categorias.

MANTER VIVA UMA TRADIÇÃO
ABERTA A TODAS AS GERAÇÕES

Aproveitando esta nova presença do “Grande Circo” dos carrinhos de rolamentos em Ermesinde estivemos à conversa com alguns dos protagonistas desta atividade, como é o caso de Luís Dias, elemento da organização de um campeonato nacional que viu a “luz do dia” em 2012 e que hoje agrega a si um conjunto de 22 provas (por ano) que percorrem o país de norte a sul. Questionado sobre a crescente popularidade desta atividade, Luís Dias começa por recuar até aos anos 90, altura em que os carrinhos de rolamentos estavam esquecidos, «era uma atividade que estava praticamente extinta, conhecida por muito pouca gente, sobretudo no seio das gerações mais novas», que desconheciam esta brincadeira de rua tão popular nos tempos de infância dos seus pais e avós.

Até que na entrada do novo milénio a entidade Turismo de Portugal – através de uma outra entidade a si associada: Trilhos do Zêzere – resolveu organizar um campeonato nacional de carrinhos de rolamentos. «Em 2012 fizemos a maior concentração de carrinhos de rolamentos do Mundo, e de lá para cá a popularidade desta atividade tem aumentado, havendo hoje em dia cerca de 500 corridas por ano em todo o país», embora a esmagadora maioria delas seja feita à margem deste campeonato nacional, no qual estão inseridas, como já referimos, 22 provas anuais. «Esta atividade tem vindo a captar cada vez mais participantes, e hoje temos cerca de dez vezes mais pilotos do que tínhamos há três ou quatro anos atrás», diz Luís Dias.

O membro da organização explica ainda que esta é uma atividade aberta a todas as pessoas, seja qual for a idade, seja homem ou mulher, e que não exige grandes requisitos para participar, sendo que a exigência mais importante é a segurança pessoal, com o uso de proteções e de um capacete. A ideia é de que esta seja uma atividade recreativa e cultural, que pretende na sua essência manter viva a tradição dos carrinhos de rolamentos para que ela não se perca no tempo. E a julgar pelo que vimos não se vai perder certamente, pois foram muitos os jovens – o mais novo tinha 10 anos – que marcaram presença nesta 5.ª prova do campeonato nacional. Inclusive, um ou outro desses jovens era filho da nossa terra, alunos da Escola Secundária de Ermesinde mais precisamente, e que no passado dia 2 participaram num workshop realizado na referida escola e que ensinava a construir um carrinho de rolamentos – nota: desta reportagem daremos conta de forma mais pormenorizada na nossa próxima edição impressa. Parece que o bichinho pegou, pois lá estiveram eles na grelha de partida desta corrida com as “máquinas” por si construídas. «Esta atividade agrega hoje a si várias gerações. Existem provas em que temos o pai, o filho e o avô a correr. É isso que se quer manter, este convívio inter-geracional, em que possam participar as famílias todas», refere Luís Dias.

ADRENALINA E CRIATIVIDADE DE MÃOS DADAS

Um dos pilotos mais velhos em prova era José Sousa, cidadão de Gondomar, com 63 anos, que recordou que os carrinhos de rolamentos fizeram parte da sua meninice até à entrada na idade adulta. Depois, parou, até que há três anos o bichinho ressuscitou, e hoje em dia corre todas as provas que se realizam no norte do país. Vitórias tem algumas, mas as mais saborosas são aquelas em que venceu os prémios de carro mais original. E com razão, já que a julgar pelo seu carro, cuja frente estava enfeitada com dois cavalos – inspirado na série televisiva Bonanza, segundo nos disse –, compreendemos perfeitamente a razão dessas distinções. Vestido a rigor, com fato de piloto de F1, José Sousa endereçou ainda um «bem haja» à organização em levar por diante este campeonato nacional e a todos os que nele se envolvem de forma salutar.

Um pouco mais tímida perante a nossa presença nas “boxes” estava Lúcia Dias, com 17 anos e que viajava desde Torres Novas – nota: o grosso dos participantes nesta prova foi oriundo das zonas de Lisboa e de Leiria. De poucas palavras lá nos contou que é não só adrenalina das corridas mas também a influência do pai – também ele piloto – que a faz participar neste campeonato, ela que era a única menina presente na prova de Ermesinde.

Por:Miguel Barros

 

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